
Ao endossar o pedido dos produtores atingidos pela deriva do 2,4-D e solicitar a suspensão do produto no Rio Grande do Sul, os deputados das comissões de Agricultura e de Saúde e Meio Ambiente reforçam a pressão sobre o Estado para que tome uma decisão.
A sinalização veio nessa quarta-feira (8) em audiência pública realizada na Assembleia Legislativa, e soma-se ao prazo dado há um mês pelo Ministério Público (MP), em outro encontro realizado para tratar do tema.
O órgão, que tem inquérito civil aberto, busca conciliar antes de tomar outra medida — como, por exemplo, a de solicitar à Justiça a descontinuidade do uso do herbicida em território gaúcho. O caminho dos tribunais costuma ser uma via complexa.
Mas o MP também sabe que há uma corrida contra o relógio. A janela até o período em que o produto é aplicado fica cada vez menor, o que exige pressa na tomada de decisão.
O fato de que pelo menos 16 deputados, de diferentes partidos, passaram ontem pela audiência no Plenarinho sinaliza que o assunto também começa a ganhar força no Legislativo. Aliás, projeto de lei do deputado Edegar Pretto (PT) para proibir a venda do herbicida no Rio Grande do Sul foi reapresentado e aguarda indicação de relator na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
O secretário da Agricultura, Covatti Filho, que coordena o grupo de trabalho e tem sido o porta-voz do governo nesse tema, não esteve no evento — a secretaria foi representada por técnicos. Questionado pela coluna sobre eventual possibilidade de suspensão, afirmou:
— O posicionamento continua o mesmo. Faremos série de ações e estudamos força-tarefa na questão de treinamento e fiscalização. A secretaria trabalhará com o objetivo de resolver o problema sem o extremo de suspender. A não ser que o grupo de trabalho vá por esse caminho.
O grupo de trabalho foi oficialmente criado no final de fevereiro. A primeira reunião ocorreu no dia 17 de abril. Na ocasião, o Estado apresentou um pacote com um total de oito medidas para tentar conter a deriva. Rodadas de negociação estão sendo realizadas e novo encontro ainda não tem data definida, mas deve, segundo o secretário, sair ainda nas próximas semanas.