
Um dos maiores desafios a serem equacionados neste ano é, sem dúvida, o impasse criado com a deriva do 2,4-D. A situação colocou produtores em lados opostos, e a tentativa de conciliação feita na última quinta-feira, na sede da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), mostrou-se infrutífera. Sobraram argumentos, faltou bom senso.
O caminho mais provável daqui para frente é o da judicialização. O Ministério Público Estadual ainda não tem posição formada, é importante destacar, sobre qual medida deverá tomar – há alternativas que poderão ser adotadas em lugar de uma ação. Mas também saiu do encontro com a sensação de que as tentativas de acordo parecem ter se esgotado.
Se de fato o impasse chegar aos tribunais, a solução poderá custar ainda mais a chegar, dados os prazos habituais do sistema. E, no problema envolvendo a deriva do herbicida, há uma corrida contra o relógio. A janela de tempo não é tão curta. Mas o desfecho precisa sair antes da safra da próximo verão, sob pena de as perdas não só se repetirem, como também se multiplicarem.
Um dos pontos sugeridos é o de que se criem regras para a pulverização terrestre, a exemplo do que já ocorre com a aviação agrícola. O que mais impressiona é que a ferramenta utilizada na maior parte das lavouras – a aplicação dos produtos químicos pelo “chão” – não tenha sido até agora sistematizada. Com orientações claras e sanções igualmente estabelecidas para aqueles que as desrespeitarem.
Para os vitivinicultores, a avaliação é de que a regulamentação chegaria tarde demais e não conseguiria conter a dispersão do problema no Estado. Para eles, somente a proibição do uso é o caminho.
Para os produtores de soja, a suspensão do uso está fora de cogitação. Entre os muitos argumentos, o de que abre um precedente para futuras restrições ao uso de produtos que já foram submetidos à avaliação de órgãos públicos e que são ferramentas da agricultura moderna.
A forma de lidar com o impacto causado pela deriva do 2,4-D causou um racha que, em vez de atenuado, tem se acentuado.