Enquanto o Ministério Público Estadual se debruça sobre o relatório entregue ontem pela Secretaria da Agricultura da análise do herbicida 2,4-D, a Federação da Agricultura do Estado (Farsul) prepara novo encontro entre produtores. Segundo o superintendente do Senar-RS, Eduardo Condorelli, a reunião será realizada na próxima semana. A ideia é reunir todas as partes envolvidas no problema, além do próprio MP, da secretaria e do Ministério da Agricultura.
— Queremos buscar caminhos de solução para a questão, em que pese ser esse um impasse entre produtores. Precisa ser algo de consenso — pondera.
A promotora Anelise Grehs, coordenadora do Núcleo de Resoluções de Conflitos Ambientais, diz que, no curto prazo, a Farsul se comprometeu em fortalecer a capacitação dos produtores, para evitar a deriva do produto utilizado nas lavouras de soja. Os laudos da secretaria confirmam que em 69 de 79 amostras havia resíduos de 2,4-D.
Os prejuízos são reais e milionários, minando a diversificação de culturas que vinha sendo bem-sucedida na região da Campanha, importante polo da produção de uvas e de oliveiras, embora o impacto não se restrinja a elas. Pela abrangência do problema, a promotoria do Meio Ambiente também foi acionada para acompanhar o andamento do caso de perto.
— Agora teremos essa atuação conjunta com os colegas — confirma a promotora Anelise.
Com relação ao Deriva Zero, projeto-piloto desenvolvido pelo Senar-RS em 2018, Condorelli explica que já foi feita análise dos pontos que precisam ser melhorados no programa a ser desenvolvido em 2019. A ideia é ampliar e ter maior capacidade de atuação. No ano passado, treinamentos, palestras e consultorias individuais ocorreram a partir de solicitações, a maioria de sindicatos rurais de regiões onde o problema era registrado com maior intensidade.
— Como o produto é utilizado cerca de 30 dias antes do plantio, teoricamente há um vazio de uso, o que nos dá tempo para encontrar solução razoável — avalia o superintendente.