Em entrevista à coluna, na 40ª Expointer, o governador do Estado, José Ivo Sartori, falou sobre a proposta de modernização do Parque Estadual de Exposições Assis Brasil – anunciada em 2012, mas que ainda não saiu do papel –, onde é realizada a feira, e também sobre a Delegacia Especializada na Repressão aos Crimes Rurais e de Abigeato.
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Confira os principais trechos da entrevista:
O projeto de modernização do parque Assis Brasil vai andar ou a ação judicial levará ao rompimento do contrato com a Bolognesi?
A questão judicial é sempre uma incógnita, isso embaraça qualquer possibilidade de modificação, de alteração. Porque tu não pode unilateralmente tomar uma atitude. Nosso sonho era de que hoje já tivéssemos hotel, centro tecnológico, tivesse resolvido o problema do alague. Então é uma incógnita. Se a Justiça abrir, evidentemente vamos tomar atitude. Se a Justiça não nos der possibilidade de fazer qualquer outra coisa, fica impedido de fazer qualquer coisa. E o projeto voltaria à estaca zero, porque tu não pode fazer nada. Se tu não pode fazer nada, não é possível mexer.
Mas a PGE está estudando. Nossas assessorias jurídicas estão vendo, porque nosso interesse é fazer diferente. E, com certeza, deixar passar primeiro a Expointer. Ela está em uma elevação. A gente nota a auto-estima elevada, tanto de quem visita. Queremos chegar ao fim com alto-astral. Depois disso, vamos olhar diferentemente para essa questão. Inclusive olhando para o futuro.
Vocês estudam a possibilidade de privatizar toda área?
Está fora de cogitação. Concessão também não está estabelecida, porque isso é uma questão jurídica, tem de ser estudada, analisada. Como vem vindo já um trabalho coletivo, com certeza, vamos evoluir nessa parceria e nessa maneira de trabalhar conjuntamente.
O Estado não entrou com recursos para melhorias no parque neste ano. Foram só parcerias, é isso?
O Ernani (Polo, secretário da Agricultura) é um pouco modesto. Sempre tem coisas que o Estado participa, através das organizações estatais. É Banrisul, Emater, Secretaria de Desenvolvimento Rural, área de comunicação, da Sulgás, da Corsan, todo mundo entra com alguma coisa.
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Que estrutura terá a delegacia especializada ao combate de crimes rurais que será criada amanhã?
Desde o começo do governo, procuramos ter uma política diferenciada em relação ao abigeato, especialmente na Fronteira. Fizemos todas as incursões possíveis com o governo federal para melhorar toda essa realidade. Já no final de 2015, 2016, não recordo, investimos cerca de R$ 40 milhões no fortalecimento do controle do abigeato. Nossa fronteira ou é estrada, ou é fazenda. Se sabe que é gente humilde, simples, pobre, nos dois lados. Para nós, a entrada de lá para cá é difícil. Tanto na questão do tráfico quanto para todas as questões de contrabando.
Fomos ao governo federal, estive duas ou três vezes com a AGU, especialmente, para modificar o processo de ocupação das fronteiras. Sem entrar na discussão e no mérito, achamos que isso é pernicioso para o desenvolvimento localizado de uma área altamente penalizada, deteriorada economicamente, com redução da sua economia e que precisa do aporte de investimentos nesta área. O que fizemos? Não foi possível, até hoje não temos resposta. Isso ainda é pendente. Não desejamos simplesmente permitir que se comprem imóveis, porque daí vira especulação. Temos de ter um projeto concreto. Porque aí vira um projeto de renda, acho que esse é um caminho. A gente veio discutindo, o secretário (da Segurança Pública, Cezar) Schirmer conhece todos os lugares, tem relação com todo mundo.
Essa questão da delegacia especializada é uma decisão irretornável. É um começo de uma caminhada, todo mundo tem de ter paciência, não vai melhorar de uma hora para a outra, mas sabemos que essa área da carne é muito perigosa. O abigeato é um problema também, porque essa carne chega no mercado sem fiscalização e sem controle sanitário.
Como estará a estrutura da Companhia Estadual de Silos e Armazéns (Cesa) ao final do seu governo?
O grande problema é o passivo trabalhista. Todo mundo ganha todas as ações. Uma única ação passava de R$ 200 milhões. Baixou para 40% do valor. Não é mais capacidade do Estado armazenar mesmo. Na última safra, foram 35 milhões de toneladas de grãos, e se mostrou um problema de armazenagem. Mas isso é uma questão que a área privada tem de perceber, porque isso vai crescer.
Só duas unidades foram vendidas. A ideia é seguir tentando negociar filiais?
Nessa hora, todo mundo acha que o Estado deve ser o protetor e, por isso, deve pagar menos do que vale. É preferível ter paciência e tolerância para que se chegue no valor que é devido. Não adianta porque tem dificuldade financeira no governo ou na Cesa, entregarmos a alguém de forma beneficiada. O valor é o valor de mercado. Tem de ser igual para todo mundo. Este é um processo demorado.