Os números impressionam. Entre 4 mil e 5 mil caminhões estão ou ficaram retidos nas últimas duas semanas devido ao imenso atoleiro em que se transformou trecho não pavimentado de aproximadamente cem quilômetros na BR-163, no Pará. São veículos que carregam principalmente soja colhida no Mato Grosso, que deveria ser exportada por portos paraenses, como Santarém.
As transportadoras de Mato Grosso calculam, até agora, R$ 50 milhões de prejuízos imediatos. Fotos e vídeos publicados em redes sociais mostram imensas filas de carretas, caminhões capotados, tratores de grande porte tentando livrar os veículos do barro e soja jogada fora na estrada.
A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) projetam que, a cada dia em que os portos ficam impedidos de embarcar os carregamentos de grãos rumo à Europa e à Ásia, as perdas somam US$ 400 mil. A dificuldade logística, agora agravada por chuvas incessantes, custa R$ 2 bilhões por ano ao Estado do Mato Grosso, sustenta o governo local. Caminhoneiros retidos receberam nesta quarta-feira mantimentos levados por aviões.
Na tentativa de liberar o tráfego, durante o Carnaval foi montada uma força-tarefa composta por Polícia Rodoviária Federal, Exército, Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes e governo do Pará. Nesta quarta-feira, a desobstrução era parcial e a promessa era, apesar das dificuldades, liberar a estrada para o trânsito a partir de sexta.
Uma das dificuldades é desfazer as filas duplas de caminhões ao longo da estrada para a passagem das equipes de manutenção.
– Vai ser muito difícil conseguir liberar na sexta-feira. A chuva não dá trégua na região – diz o diretor-executivo da Associação dos Transportadores de Cargas de Mato Grosso, Miguel Mendes.
O ministro dos Transportes, Maurício Quintella, recebe nestaquinta-feira representantes de agricultores e de grandes exportadores para tratar da estratégia logística que garanta a trafegabilidade da rodovia durante o período de chuva na região e o escoamento da produção.
*Interino