É preciso reconhecer que o crédito rural evoluiu muito nos últimos anos no país. A carteira aberta do governo federal, com juros fixos e subsidiados, ajudou a impulsionar os avanços do agronegócio no país. Não é por acaso que, em 2013, a indústria de máquinas agrícolas chegou a um recorde de 83 mil unidades vendidas, batendo uma marca da década de 70. Só quem é produtor e precisou buscar financiamentos no passado, quando as taxas de juro variavam freneticamente, com o valor da dívida multiplicado por dois entre a manhã e a noite, sabe a diferença entre uma coisa e outra.
O momento agora, no entanto, é outro. Diante do cenário de crise, mudou a postura do agricultor, do governo e dos bancos. Em balanço feito nesta quinta-feira pelo ministro interino da Agricultura, André Nassar, sobre a tomada de crédito de julho a dezembro de 2015, primeiros seis meses do atual Plano Safra, os números dizem diferentes coisas. Depende de quem vê. No total, foram R$ 76,49 bilhões ante R$ 76,3 bilhões em igual período de 2014 - o número de operações, porém, caiu 18,09%.
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Para o ministério, a notícia é de que a liberação de recursos para custeio, usados para preparar a lavoura, cresceu 20%. Para a indústria de máquinas, o fato relevante é o de que os financiamentos de investimentos caíram 39,25%, confirmando o pé no freio que se converteu em recuo de 34,5% nas vendas do setor no ano passado.
- Com o produtor vendo risco no cenário, opta por se comprometer no curto prazo e pouco no longo. Está reduzindo seu apetite por investimentos nesta safra. Os bancos também estão mais seletivos - avaliou Nassar, que projeta retomada nas linhas de comercialização.
Para os produtores de arroz, esses recursos serão mais do que necessários diante das perdas que se consolidam e da falta do pré-custeio no ano passado.