A inadimplência dos gaúchos fechou 2024 em 40,14%. A taxa de dezembro de 2024 até recuou um pouco em relação a novembro, mas o mês teve feirão de renegociação de dívidas da própria Serasa Experian e também conta com o pagamento do 13º salário. Ou seja, o nível segue alto e superior ao final de 2023 (39,8%). São quatro em cada 10 adultos com contas atrasadas no Rio Grande do Sul.
As dívidas dos 3,554 milhões de consumidores somam mais de R$ 20,492 bilhões. Cada inadimplente deve, em média, R$ 5.766.
Importante ressaltar que o cenário da economia não é nada amistoso para um alto endividamento das famílias (nem de empresas). A inflação apertou nos últimos meses com a alta do dólar e ainda não se sabe se a recente queda na cotação da moeda continuará, pois depende bastante da economia dos Estados Unidos, além do posicionamento do governo Lula com os gastos públicos.
Alta de preços, por si só, já corrói a renda familiar. Mas, além dela, há o juro elevado. Isso deixa as dívidas mais caras, pois eleva suas taxas, o que dificulta seu pagamento e as renegociações.
— O Banco Central não aumenta juro porque gosta, mas porque é sua arma para que a inflação não se descontrole. A combinação de inflação com juros subindo é fatal para a inadimplência. É praticamente inevitável que gere um novo ciclo de atraso nas contas — enfatiza o economista da Serasa Experian Luiz Rabi.
Lembrando que a própria taxa de inadimplência é usada por bancos e empresas em geral para definir o juro do crédito ao consumidor, pois embute o risco de o pagamento não ocorrer.
Cenário nacional
Apesar de alta, a inadimplência do Rio Grande do Sul é a terceira menor do país, que tem uma média de 45,31%. A menor taxa é a de Santa Catarina (35,03%) e a maior é a do Amapá (60,89%).
Apesar da enchente, o endividamento dos consumidores gaúchos não se deteriorou tanto quanto na média nacional, avalia a Serasa.
Forma de cálculo
Bastante completo, o indicador da Serasa Experian considera títulos protestados, dívidas vencidas com bancos e não bancárias (lojas em geral, cartões de crédito, financeiras, prestadoras de serviços como fornecimento de energia elétrica, água, telefonia, etc) e até cheque sem fundo. Ao não computar apenas a inadimplência do sistema financeiro, ela captura movimentos cíclicos, que, muitas vezes, se manifestam em bancos de 6 a 12 meses depois.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Maria Clara Centeno (maria.centeno@zerohora.com.br)
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