O jornalista Daniel Giussani colabora com a colunista Giane Guerra, titular deste espaço
Há espaço para um novo aumento nos preços dos combustíveis nas refinarias. Aumenta no setor financeiro a expectativa de que a Petrobras aumente o preço dos combustíveis devido, principalmente, a alta do petróleo no exterior. Nos últimos dias, inclusive, o barril do petróleo Brent, a referência para os preços no Brasil, passou dos US$ 90, a maior alta desde outubro de 2014.
Dois são vistos como os principais motivos para escala de preços. Um já vem sendo comentando nos últimos meses: o aumento da demanda, motivado pela flexibilização de restrições, que tem feito com que mais consumidores fossem às ruas, utilizando combustíveis. O segundo é mais recente: o temor pelo conflito geopolítico entre a Ucrânia e a Rússia, que é hoje uma das principais produtoras de petróleo do mundo e grande responsável pelo abastecimento europeu. Assim, um eventual conflito poderia desregular todo o mercado de combustíveis. Soma-se a isso, também, a questão do dólar, que pode, em caso de cotação baixa, amenizar a escalada, ou em cotação alta, colaborar para o aumento.
A coluna já recebeu alertas de bancos de investimento que apontam uma defasagem de 17% no valor da gasolina brasileira em relação ao preço internacional e uma defasagem de 13% no que diz respeito ao diesel. No relatório que teve acesso, conhecido no setor como report, um banco aponta que o preço do petróleo Brent já está 10% mais alto desde o último reajuste de preço da Petrobras, em 12 de janeiro, e que a empresa poderá, em breve, anunciar novo aumento de preço.
João Fernandes, economista da Quantitas Asset, aponta que a defasagem está em torno de 13% em relação ao preço internacional. Diz ainda que, da última vez que chegou a esse número, houve um reajuste.
— Há espaço, o gap está rodando em torno de 13%. Na última vez que chegou nesse patamar, a Petrobras elevou os preços em 5%. Pode ocorrer novamente, ainda que não se possa descartar que espere um pouco mais dessa vez.
Na última semana, em evento online do banco de investimentos Credit Suisse, o presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna afirmou que a empresa evitar passar imediatamente a volatilidade dos preços dos derivados de petróleo no mercado internacional, mas que é necessário fazer reajustes quando observada uma mudança estrutural nos preços.
O último reajuste de preço feito pela Petrobras foi em 12 de janeiro, quando a empresa anunciou um aumento da gasolina e do diesel nas refinarias. Para a gasolina, a alta foi de R$ 0,15, com previsão de impacto de R$ 0,11 para o consumidor, na bomba. No caso do diesel, elevação de R$ 0,26 na refinaria, com impacto previsto na bomba de R$ 0,24.
Agora, de acordo com a Associação Brasileiras dos Importadores de Combustíveis (Abicom), para equiparar os preços ao mercado externo, a Petrobras deveria elevar em média o litro da gasolina em R$ 0,45 e do diesel e R$ 0,50.
É importante lembrar, porém, que o preço de pauta, sobre o qual é calculado o ICMS, está em R$ 6,17 no Rio Grande do Sul, congelado em todos os Estados por decisão dos secretários da Fazenda para amenizar a alta de preço. A medida, definida em outubro, acabaria em janeiro, mas foi prorrogada até 31 de março.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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