Quem avisa, amigo é. A coluna está sempre tentando avisar com antecedência para altas de preços, abrindo espaço para busca de alternativas. Foi o caso do aluguel, quando o indexador IGP-M estava ainda a metade do que atingiu hoje. Quem leu, pôde renegociar o contrato antes de receber o boleto. Teve ainda o aumento nos preços dos alimentos, que já era previsível com a disparada do dólar, aumento de consumo interno, entre outros fatores. Quem antecipou algumas compras - como a própria colunista -, driblou o impacto no bolso.
Agora, o alerta vai para a conta de luz. Prepare-se para dezembro e para os próximos meses. Os reservatórios das hidrelétricas em baixa já fazem outras formas mais caras de geração de energia serem acionadas. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) já está aplicando a bandeira vermelha patamar 2, com cobrança extra alta na conta de luz para suprir o custo mais caro da energia.
A conta de luz subiu no ranking e tornou-se já o principal impacto na inflação de Porto Alegre na primeira prévia de dezembro. Com isso, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-S) mais do que dobrou nos últimos 30 dias, ficando em 1,13%. Já tem efeito da bandeira tarifária, diz a coordenação da pesquisa, além do reajuste anual nas contas de luz da CEEE aplicado em novembro. Quando o cálculo do indicador tiver absorvido o impacto cheio de dezembro, no final do mês, poderá se mensurar todo o impacto no índice e, por consequência, no bolso.
- Acredito que teremos uma alta de 12% na conta de luz no fechamento do mês. É um impacto forte - comenta André Braz, coordenador da pesquisa de preços da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que calcula o IPC-S. E lembre-se que um aumento desses seria mais do que o triplo da inflação geral de um ano todo.
E não deve parar por aí. A estiagem segue preocupando. As bandeiras da Aneel estavam suspensas desde maio para aliviar o bolso do consumidor na pandemia. Agora, uma nova decisão sobre o custo será tomada pela agência reguladora no final de dezembro. Enquanto isso, a bandeira vermelha patamar 2 estabelecerá a cobrança de R$ 6,24 extras para cada 100 kWh consumidos.
A decisão da Aneel influenciou até no relatório Focus do Banco Central. A projeção do mercado para os preços administrados vinha com uma alta prevista de 0,8%. O aumento saltou para +2,33%, que inclui da energia até gasolina, passando pelo gás de cozinha. O indicador engloba preços que, de alguma forma, passam por regramento.
Para o consumidor, resta repensar o uso da luz, já que o país se arrasta há anos sem um planejamento eficiente para garantir a energia nas estiagens que vão e vêm. Busque dicas de economia, do aproveitamento da uso da luz natural em casa, retomada dos planos para microgeração própria, até cuidados com equipamentos desregulados. Converse com a família de que é preciso todos ajudarem porque, apesar de embutir muito um problema não solucionado por uma sequência de governos, o boleto terá que ser pago por você. O alerta fica, principalmente, para quem está no home office e no homeschooling, que elevam o uso da energia em casa.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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