O jornalista Guilherme Jacques colabora com a colunista Giane Guerra, titular deste espaço.
Sempre que teve oportunidade, a coluna perguntou aos então candidatos a prefeitos de cidades atingidas pela enchente o que pretendiam fazer para evitar que os transtornos e prejuízos daquela ocasião não se repetissem. Afinal, muitos locais já sofriam com alagamentos e especialistas em clima vêm alertando: desastres climáticos como o de maio podem (e devem) se repetir com mais frequência.
Tranquilizar empresas e empreendedores que desejam se instalar ou reconstruir em áreas afetadas é essencial para atrair e manter investimentos que alimentem a economia do município. Seja na época de campanha, seja agora. No início do mês, os eleitos ou reeleitos iniciaram seus mandatos, portanto, mais importante ainda que o questionamento seja refeito.
Com esse objetivo, a coluna buscou as prefeituras das oito cidades da Região Metropolitana que foram diretamente atingidas pela cheia. São elas: Canoas, Eldorado do Sul, Esteio, Guaíba, Novo Hamburgo, Porto Alegre, São Leopoldo e Sapucaia do Sul. Secretários de Desenvolvimento Econômico ou os próprios prefeitos responderam.
Canoas
Teve praticamente metade de seu território coberto pela água que tomou ruas, casas e empresas por mais de um mês. Na eleição de outubro, elegeu novo prefeito, Airton Souza. Quem respondeu à coluna foi a secretária municipal de Desenvolvimento Econômico e Inovação, Patrícia Augsten:
“Nosso foco será a desburocratização e a simplificação dos processos para facilitar a abertura de empresas, gerar mais emprego e renda, atrair investimentos e desenvolver o parque Canoas de Inovação. Temos mais de 72 mil empreendedores enquadrados em micro e pequenas empresas, muitos atingidos pela enchente. Portanto, outro objetivo é fomentar a capacitação, o desenvolvimento e a recuperação desses empreendedores. Outro ponto é o diálogo com as entidades empresariais. Queremos os empresários e empreendedores como parceiros estratégicos para o desenvolvimento do município.”
Eldorado do Sul
Cidade da região que, em proporção territorial, foi a mais atingida. Dos 42 mil habitantes, mais de 34 mil foram afetados. Na última eleição, escolheu Juliana Carvalho como novo prefeita. A coluna tentou contato com ela para que respondesse à pergunta, mas não recebeu retorno até a publicação deste material, que pode ser atualizado.
Esteio
Observou áreas residenciais e empresariais serem afetadas pela enchente de maio. Em outubro, Felipe Costella foi eleito o novo prefeito da cidade. O secretário de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente, Francisco Alves, foi quem respondeu ao questionamento da coluna:
“Temos o programa Esteio Resiliente, que abrange ações estruturais e não estruturais. Estão previstas 19 obras, incluindo a recuperação de áreas degradadas, a implantação de bacias de retenção e intervenções em travessias de arroios visando reduzir os impactos das cheias. Também há a ampliação das áreas de especial interesse ambiental, aumentando a capacidade de absorver a água. Além disso, está prevista a implantação de um sistema hidrometeorológico de monitoramento, que permitirá resposta mais eficiente diante de grandes volumes de chuva e enchentes.”
Guaíba
A cidade foi atingida e precisou evacuar seu maior bairro, o Santa Rita. Também ficou com seus acessos isolados por conta da água. Por lá, o prefeito Marcelo Maranata foi reeleito no ano passado. A resposta à coluna veio do secretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação, Cleber Quadros:
“Fizemos rodadas de crédito e criamos o Juro Zero, em que a prefeitura subsidia o juro para as empresas de pequeno e médio porte e pequeno agricultor, para que eles possam comprar suplementos e matéria-prima, de até R$ 10 mil. Também estamos abertos, buscando novas empresas. Temos um projeto, que é a cidade industrial, em que adquirimos uma área de 110 hectares, para a busca de novas empresas e para as que já estão aqui. Aquelas que foram afetadas e estiverem em áreas de risco, queremos trazer para que elas possam se desenvolver.”
Novo Hamburgo
Parte do município foi afetada pela enchente de maio, com casas e empresas atingidas. Na última eleição, os moradores elegeram Gustavo Finck, que tomou posse no início deste ano. Sem uma definição para a área do desenvolvimento econômico, ele próprio respondeu à coluna:
“Nossa ideia é trazer de volta empresas que perdemos e incentivar a vinda de novas. Junto com a Universidade Feevale, vamos fazer parcerias, cuidar de Lomba Grande, área rural de Novo Hamburgo, onde queremos expandir os condomínios de alto padrão e trazer comércios. Demos início à compra de uma nova bomba para a casa de bombas. E, em dois meses, vamos ter ela completa. Há a reforma do dique também. Estamos conversando com o governo do Estado para obras importantes nos bairros Canudos, Santo Afonso, Industrial e Liberdade, muito atingidos.”
Porto Alegre
A Capital teve bairros inteiros atingidos pela água, inclusive, áreas empresariais importantes como o centro, o 4º Distrito e a região do aeroporto. Reelegeu o prefeito Sebastião Melo no ano passado. Quem respondeu a coluna foi a nova secretária de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Rosani Alves Pereira:
“Trabalhamos, desde o início, para socorrer empresas dentro das possibilidades da prefeitura. Suspendemos o pagamento do IPTU até o final de 2024 para as áreas alagadas, igualmente prorrogamos o ISS para empresas situadas nestas áreas. Temos investimentos nas recuperações emergenciais de diques, casas de bombas e limpeza e recuperação de bueiros. Monitoramos informações de saldo de abertura de empresas e empregos, e tem aumentado muito desde as inundações. Pretendemos manter o monitoramento e aprofundar as parcerias com o Estado e o governo federal.”
São Leopoldo
Teve boa parte de sua área atingida, inclusive a região central, afetando parte do comércio. Delegado Heliomar foi o candidato eleito em outubro do ano passado. Já a resposta à coluna foi dada pela vice-prefeita e secretária municipal de Desenvolvimento Econômico, Turístico e Tecnológico, Regina Caetano:
“Meu papel é fortalecer essa pauta junto com todas as secretarias. Com a Fazenda, temos o projeto Receita Eletrônica, que trará condições facilitadas para regularização de débitos fiscais municipais, a reavaliação dos imóveis danificados pelas águas, visando ajustes no IPTU e a isenção do ITBI para aquisição de imóveis de até R$ 200 mil por pessoas atingidas pela enchente. Além disso, já começou a dragagem do Rio dos Sinos e já recebemos autorização do Estado para fazer o desassoreamento, ações que vão proteger nossa comunidade.”
Sapucaia do Sul
O município teve, pelo menos, dois de seus bairros afetados pela enchente. Na última eleição, reelegeu o prefeito Volmir Rodrigues Gordo. À coluna, quem respondeu foi o secretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação, José Claudio Prates:
Elaboramos um plano de contingência caso essa situação volte a ocorrer. Para assuntos que envolvam as empresas, temos apoio à regularização de documentação; parcerias com instituições como Sebrae, Senac, SESI; redução e isenção de tributos como ISS e IPTU; campanhas de doações de materiais e equipamentos; apoio logístico; e criação de um centro de operações para que pequenos empresários retomem suas atividades. São propostas que serão colocadas em prática ao constatar a necessidade de empresas atingidas pela enchente.
*Produção: Isadora Terra
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Leia aqui outras notícias da coluna