Querendo unir patriotismo e consumo, começa nesta sexta-feira (6) uma campanha de promoções do varejo batizada de Semana do Brasil. A ação vai até 15 de setembro e foi criada pelo Instituto para Desenvolvimento do Varejo com o apoio institucional do governo federal. Está sendo chamada de "Black Friday brasileira", "Black Friday verde amarela" e até "Black Friday tupiniquim".
Os empresários querem desovar estoque e ganhar capital de giro em um mês sem data de vendas e no meio da economia ainda enfraquecida, o que tradicionalmente já prejudica o faturamento da época. Há, inclusive, inspiração no varejo dos Estados Unidos de criar liquidações em feriados. Outra intenção é aproveitar a liberação do PIS/Pasep e também dos saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que começam no dia 13.
Tudo isso se alia à intenção do varejo já negociada nos últimos anos de antecipar para setembro as vendas da Black Friday, minimizando os efeitos sobre o Natal. Inspirada nos Estados Unidos, a liquidação vem ganhando espaço no mercado brasileiro nos últimos anos, principalmente com vendas pela internet e de eletroeletrônicos. Tanto que o IBGE apontou queda de 2,2% no volume de vendas em dezembro de 2018 sobre novembro. Ou seja, a Black Friday superou o mês do Natal, oficialmente ainda considerada a principal data do varejo no ano.
Outro ponto é a associação da campanha ao governo Bolsonaro, que fica ainda mais identificada no nome escolhido e no logo. Até o site da campanha fica hospedado no portal do governo federal. Alguns empresários apoiam e até gostam. Outros fazem ressalvas, mesmo que agrade a associação com a comemoração da Independência do Brasil e um estímulo à retomada da confiança.
Na prática
No site da Semana do Brasil, há um link para consultar as lojas participantes por Estado. No entanto, apresenta bastante instabilidade e não há o detalhamento de quais ações serão propostas pelos estabelecimentos. Há o registro de adesão de cerca de 400 estabelecimentos do Rio Grande do Sul.
A coluna Acerto de Contas consultou entidades gaúchas de varejo sobre a participação na campanha. A Associação Gaúcha de Supermercados (AGAS) não tem ações previstas. Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo (AGV), Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL Porto Alegre) e Sindicato dos Lojistas de Porto Alegre (Sindilojas Porto Alegre) também não farão iniciativas específicas, dizendo apenas que incentivam comerciantes a participarem.
Varejistas nacionais prometam adesão nas suas unidades e também no sites para compras pela internet. Entre elas, está a Via Varejo, dona das marcas Ponto Frio e Casas Bahia. A rede promete descontos de até 80%, mas somente até domingo (8).
Na serra gaúcha, o Iguatemi Caxias disse que entrará na campanha, garantindo ofertas até superiores a 70%. Segundo a direção do empreendimento, mais 30 lojistas estão prometendo descontos e estarão identificadas com balões amarelos com o selo da campanha. Destaca empresas como Lojas Renner, Fast Shop, Riachuelo, C&A e Ponto Frio.
Mesmo que não seja um sucesso de vendas neste ano, lojistas acham que pode ser um bom início. Cairia bem um fôlego no faturamento para os meses de setembro nos próximos anos.