
Se ainda vai demorar para a isenção do imposto de importação pelo governo federal chegar à prateleira, já tem outros fatores que estão fazendo os preços dos alimentos caírem e provocarão novas quedas em breve. O dólar e a entrada de safra são os principais.
A pesquisa semanal de inflação para o consumidor, feita pela Fundação Getúlio Vargas, já destaca recuo na batata, na cebola e no leite longa vida. O vice-presidente Institucional e Administrativo da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Marcio Milan, cita ainda outros alimentos como arroz (-5%), feijão (-7%), óleo de soja (-5%), carne (de -3% a -6%) e a manutenção do preço do açúcar.
Em breve, entrará a safra de soja e de milho, que no país está muito boa. Isso conterá a alta e até reduzirá mais o preço dos óleos e de outros alimentos que usam os grãos como matéria-prima, como carnes de suínos e aves e o ovo. Aliás, o ovo segue com a pressão da gripe aviária nos Estados Unidos, mas terá menos impacto do calorão sobre as galinhas, tem queda de consumo depois da quaresma e perde margem se os preços das carnes caírem. Dados do Centro de Pesquisas Econômicas Aplicadas (CEPEA/USP) apontam agora oferta recorde de carne bovina.
Na Ceasa de Porto Alegre, os preços mantiveram-se estáveis na sua maioria na última semana, após fortes elevações anteriores com o prejuízo das altas temperaturas, especialmente nas folhosas. Com o clima mais amenos, as plantações passam a se recuperar.
O dólar foi o que mais elevou os preços no último trimestre de 2024, quando saltou com a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos e preocupações fiscais com o governo Lula. Agora, a cotação deu uma boa recuada, o que começa a ser repassado a importados e reduz a concorrência que o mercado interno tem com a exportação.
Em tempo, também há sinais de recuo de consumo. Embora o mercado de trabalho siga forte com alta na renda, a inadimplência está sendo recorde com alta de inflação e juro. Quando o consumidor se aperta, a cadeia econômica corta onde dá para manter a venda.
E o café? Aqui o buraco é mais embaixo, pois a safra mundial sofreu e, junto da especulação, os preços internacionais seguem renovando recordes. Para o consumidor brasileiro, a bebida segue subindo de preço em 2025, mas, para 2026, é esperada uma safra recorde, projeta o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Pavel Cardoso. A maior da história foi a de 2020.
— Em setembro, quando começar a florada da próxima safra, possivelmente teremos uma queda nas cotações — disse.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Diogo Duarte (diogo.duarte@zerohora.com.br)
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