Cheira mal, muito mal, o recente decreto editado pelo presidente da República estabelecendo mudanças no chamado “marco legal do saneamento”. Na prática, o que vemos é uma tentativa de frear um dos maiores e mais promissores avanços que o governo anterior e o parlamento brasileiro colocaram em marcha – uma legislação destinada a estimular o ingresso do investimento privado em serviços de saneamento básico no Brasil. Com sua visão governocêntrica, o novo chefe do poder executivo tenta proporcionar a estatais ineficientes a chance de ganhar tempo e permanecer dando as cartas no setor. É claro que, sob o ponto de vista da barganha política, o presidente faz um cálculo esperto. Barrar privatizações traz apoios no movimento sindical e em setores partidários que se penduram no clientelismo. Mas tal esperteza apresenta uma conta altíssima ao país, e que será paga exatamente pelos brasileiros mais humildes e vulneráveis.
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Não faço e não deixo fazer
No saneamento nós ficamos reféns da incúria de um Estado balofo e irresponsável
Eugênio Esber