
A frase não é minha. Ela foi dita pelo presidente do conselho de administração da Unimed Porto Alegre, Flávio da Costa Vieira, em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade (ouça a íntegra no final do texto), no começo deste mês de março.
Emocionado ao falar sobre o esgotamento dos profissionais da área da saúde, ele disse que as decisões tomadas por gestores públicos no momento mais cruel da pandemia apresentam certa semelhança com o que faz o juiz de futebol. No entanto, apontou uma diferença crucial: "a vida real não tem VAR".
De fato, a vida não tem uma segunda chance. Não temos tempo de parar tudo, correr no monitor à beira do gramado, mudar de ideia sobre algo que aconteceu no campo e salvar uma decisão tomada de maneira equivocada inicialmente.
Os gestores que lidam com esse tipo de situação em meio a uma pandemia estão sempre caminhando em gelo fino. Qualquer passo em falso pode custar uma vida (ou dezenas ou centenas ou milhares delas).
Pessoas em estado grave lotam as UTIs e sufocam o sistema de saúde. As mortes aumentam de forma assustadora por conta de uma doença que cada vez mais parece não se importar com a idade e com as características das vítimas. Os casos e suas variáveis exigem respostas sem precedentes na medicina.
Estamos falando de um vírus que parou o mundo e ao mesmo tempo acelera exponencialmente a complexidade e a dureza do trabalho dos profissionais da área da saúde.
Sempre que penso em sentir cansaço, saudade de alguém querido ou qualquer outro sentimento provocado pelos efeitos da pandemia, penso no tamanho do verdadeiro problema que as pessoas da linha de frente estão enfrentando há mais de um ano.
O que os heróis da saúde estão fazendo por todos nós merece todo o reconhecimento possível. Por isso, nesta sexta-feira, às 19h30min, eu estarei na minha janela, aplaudindo e agradecendo aos que lutam diariamente pela vida.