
O Rio de Janeiro vive o caos da covid-19 e conta mortos aos milhares, mas fixa data para o futebol voltar. E com portões abertos, ainda por cima. Só no Vasco, são 16 jogadores infectados. No RS, onde há controle da pandemia e nenhum atleta positivo, nada ainda. Em Brasília, grupos extremistas se valem da liberdade de manifestação, só possível na democracia, para defender justamente o fim da democracia e, portanto, de manifestações como as que eles participam. Outros imitam, em nome de uma peculiar definição de lei sobre notícias falsas, em frente ao STF, passeatas da Ku Klux Khan, que é um grupo abjeto, racista e, portanto, criminoso conforme a lei brasileira. Torcidas organizadas cujo histórico é reconhecidamente violento e nada democrático, inclusive com atos de preconceito racial e de gênero, marcham em defesa da democracia.
O presidente, que não é médico e não deve gostar muito deles, já que brigou com seus dois últimos ministros graduados da Saúde, receita um remédio não recomendado pela OMS que pode até matar para combater um vírus assassino. Diz que luta contra a corrupção, mas vê seu mais importante ministro, Sérgio Moro, levado ao governo por ser inflexível diante dos crimes de colarinho branco, tornar-se inimigo ao alegar que foi impedido de caçar corruptos. O Fluminense, sem dinheiro, contrata Fred. O Botafogo atrasa salários, mas traz Honda, astro japonês que ganha em euro. Ainda tentou Yaya Touré. O Flamengo fatura R$ 1 bilhão, mas não tem dinheiro para indenizar as famílias dos meninos mortos no incêndio do Ninho do Urubu. Um homem, na Zona Sul carioca, comanda um carro de som que “denuncia”: os hospitais estão vazios. A pandemia? É invenção.
As manifestações de repúdio ao assassinato de um homem negro por um policial branco, nos EUA, começam, aqui e ali, a receber mais críticas por incitamento ao ódio do que a morte odienda por asfixia de George Floyd. Algo tipo “ah, não é pra tanto”, mesmo que não tenha sido a primeira vez e nem vá ser a última. Melhor focar na solidariedade que se espalha para ajudar os desassistidos. A esperança está aí. É o jeito para não enlouquecer com o Brasil.