Na Copa do Mundo de 2018, ele foi crucificado. Vinha sobrando e empilhando gols nas Eliminatórias, mas travou na Rússia. Um camisa 9 que passa em branco em Mundial, na Seleção, é pecado mortal. Tite reconheceu que deveria tê-lo trocado por Firmino, mas não abriu mão dele rumo ao Catar. Agora, nesta Copa América, Gabriel Jesus está fazendo a diferença. Nesta terça foi um emblema, contra a Argentina, da pressão por jogar em casa.
Nos piores momentos de um jogo em que o Brasil não foi bem e correu riscos além da conta, pelos muitos erros de passe — a trave salvou duas vezes —, ele bateu no peito e disse: é comigo. Colocou a Seleção na semifinal, cobrando pênalti contra o Paraguai. E, depois, na decisão, liquidando a Argentina com um gol e uma assistência.
O rival fez sua melhor atuação na Copa América, com um Messi envolvido como nunca, porém sem parceria à altura, e fazia a equipe de Tite ceder à forte marcação. Os argentinos cavavam espaços, no drible de Messi desde a intermediária. Então, Gabriel explodiu e resolveu. Daniel Alves, se continuar assim, vai até os 40 anos na Seleção. É de longe o melhor lateral-direito. Thiago Silva é um monstro na zaga, e Casemiro provou: é essencial para marcar.
No segundo tempo, a Argentina foi trocando marcadores de meio-campo campo por meias. Saíram os operários Acuña e De Paul, entraram Di María e Lo Celso. O Brasil recuou. Sofreu. Finalizou menos do que o adversário, mas com mais eficiência.
Era preciso chegar à final, e não era razoável fazê-lo de barbada, em meio a uma renovação, processo instável por definição. Tite está a um jogo, a sua primeira decisão pela Seleção, de manter vivo o ciclo rumo ao Catar, em 2022.