O rock não precisa ser salvo. Este foi o título da minha coluna em julho do ano passado por conta do Dia Mundial do Rock — que só é comemorado no Brasil, mas tudo bem, pelo menos existe uma data para celebrar.
Meu argumento era o de que, com muita frequência, surgem bandas novas e muita gente diz que elas vão salvar o rock. Ora, isso é uma inverdade. Só quem não sabe nada desse estilo para acreditar que ele precisava ser salvo.
Elvis Presley morreu, mas ainda podemos ouvir suas músicas. Freddie Mercury se foi, mas seus discos ficaram. O Led Zeppelin acabou quando John Bonham morreu, mas, da mesma forma, seus discos e suas músicas ficaram. O Motorhead terminou quando o vocalista Lemmy Kilmister morreu de câncer. Mas o Deep Purple está aí, firme e forte desde 1968. Então, definitivamente, o rock não precisa ser salvo. Alguns músicos morreram, mas o rock está bem vivo.
Para minha surpresa, o texto recebeu muitas ofensas por eu não ter citado a maior banda de todos os tempos. Respondo às críticas, mas ofensas nunca.
Não citei Beatles porque, apesar de gostar muito, não sou beatlemaníaco. Outra coisa: não acho que os Beatles contribuíram apenas para o rock. A contribuição deles é para a música, e até mesmo para a política.
Quando Paul McCartney foi fazer uma apresentação em Moscou, o documentário desse show mostrou que jovens, sob o regime ditatorial soviético, arriscaram a vida para adquirir um disco dos Beatles. É emocionante ver o relato de pessoas que gastavam o salário de um mês para comprar um disco dos Beatles de alguém que trazia do Ocidente.
A existência dos Beatles extrapolou a música. Assim como outras, a banda terminou, mas pode ser ouvida em discos ou em plataformas de streaming.
Para conhecer mais dos Beatles, vou indicar os livros do jornalista britânico Philip Norman. Ele, sim, é um beatlemaníaco. Em "Shout — A Verdadeira História dos Beatles", ele fala com a autoridade de quem conviveu com a banda. O mais interessante, confesso, é a biografia que ele escreveu sobre o John Lennon, "A Vida". Os dois livros são igualmente bons, ótimas leituras para quem gosta de música, e provas irrefutáveis de que o rock não precisa ser salvo.