O desrespeito à faixa de pedestres é ultrajante. Para quem não sabe, convém lembrar: aquelas oito a 12 listras brancas pintadas no asfalto, de pouco mais de 1m cada, chamam-se faixa de pedestre, também conhecidas como faixa de segurança. Quando o motorista depara com ela, deve parar para alguém passar. Está na lei: "Configura-se papel do motorista deixar o pedestre atravessar, a não ser que haja um semáforo com luz verde para os veículos. O carro deve parar antes da faixa – e não em cima – e continuar a andar apenas quando a pessoa tiver completado a travessia". A faixa é prioritária para pedestres. Em pedestres, estão incluídas as pessoas com deficiência (PCDs).
Em poucas cidades gaúchas, a faixa é respeitada. Em Porto Alegre, mesmo a combinação de faixa de segurança com a placa PARE, vermelha e com as letras maiúsculas, ou seja, bem chamativa, não impede que motoristas passem sem olhar e, muitas vezes, em alta velocidade. O pedestre precisa ficar muito atento e conferir os dois lados antes de cruzar a via.
O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) prevê multa de R$ 293,47, perda de sete pontos na carteira de habilitação e considera infração gravíssima avançar sobre a faixa, porque isso coloca uma pessoa sob o risco de vida. Em 2014, a prefeitura de Porto Alegre, sob o comando de José Fortunati, lançou uma campanha para tentar chamar atenção sobre o respeito à faixa. Ela incentivava o pedestre a erguer a mão para sinalizar ao motorista que estava cruzando a faixa. O hábito durou pouco tempo e caiu no esquecimento. A tentativa foi válida, porém, a adesão da maioria dos motoristas foi atropelada. A campanha ficou no passado e o desrespeito à faixa se perpetuou.
Nem um primeiro semestre trágico no trânsito de Porto Alegre, com muitas mortes registradas pela prefeitura, serve de alerta para os imprudentes. A perda de vidas em nada parece mudar o entendimento da maioria dos motoristas. Já escrevi aqui uma coluna cujo título era A selvageria do nosso trânsito. O foco era a impaciência de motoristas. Infelizmente, nada mudou nos últimos meses. Pelo contrário, a realidade leva a crer que a falta de paciência aumentou e segue em progressão. A solução para o problema é muito clara: bom senso.