É bastante comum chefes de Estado fazerem viagens internacionais logo no início do governo. Os olhares à viagem de Lula à Argentina estiveram muito sobre as questões políticas. Convenhamos, a Argentina aplica uma política que vai quebrar - de novo - o país.
A Argentina está quebrando junto com a economia desde Carlos Menem. Mas há muito mais por trás dessas viagens, coisas mais importantes, como as relações comerciais, por exemplo. Por mais que não gostemos do governo atual, o Brasil está colado geograficamente na Argentina. Eles produzem trigo, calçados, automóveis e outras coisas uteis para o nosso mercado. Meus colegas que foram lá e as que avaliam economia têm mais condições do que eu de olhar isso no detalhe.
Quando há qualquer problema de produção na Argentina, ficamos choramingando, com razão. Portanto, estreitar as relações comerciais é sempre importante, ainda mais com um governo volátil como o de Alberto Fernandez e dos peronistas.
Logo no início do governo, em 2019, Jair Bolsonaro foi aos Estados Unidos se encontrar com Donald Trump, já naquela época um inveterado produtor e distribuidor de notícias falsas. Politicamente, a viagem não serviu para nada. Mas os Estados Unidos são um parceiro comercial de muito peso, o presidente brasileiro tem mais é que visitar o chefe da nação americana.
Agora, antes de estender a mão ao exterior, como Lula fez com a Argentina, é preciso cuidar dos assuntos internos. Tudo que não precisamos é de uma moeda comum - o que parece que não vai vingar - muito menos emprestar dinheiro do BNDES, como fez em seus mandatos, para Cuba (Porto de Mariel) e outras obras obscuras feitas por empresas brasileiras. Tudo bem que a “caixa preta” badalada por Jair Bolsonaro não passava de retórica política. Mas e o nosso sistema rodoviário? As grandes obras necessárias no Brasil? Onde estão?
É isso que os brasileiros estão esperando de Lula antes de estimular com dinheiro público os “campeões nacionais” ou a empresas fazerem obras fora daqui. O povo não está esperando que o presidente se torne um líder da América Latina, como Lula agia quando Hugo Chávez ainda estava vivo e disputava para ver quem seria o protagonista do continente. O povo está avido por melhorias internas e não por ver o BNDES fazendo obras fora do país.