O verão de 2024 foi o mais quente em 2.000 anos na região da Lapônia, que se estende pelo norte da Finlândia, Noruega, Suécia e partes da Rússia, devido às mudanças climáticas, informou o Instituto Meteorológico Finlandês nesta segunda-feira (28).
"A temperatura média no último verão na Lapônia [...] foi a mais alta, tanto com base em observações diretas desde o final do século XIX até agora, quanto nas chamadas 'observações indiretas' de anéis de árvores, a série mais longa das quais remonta a 2.000 anos", disse Mika Rantanen, pesquisador do Instituto Meteorológico Finlandês, à AFP.
Rantanen citou um estudo conduzido pelo Instituto Meteorológico Finlandês e pelo Instituto de Recursos Naturais, publicado na revista científica americana Nature, que mostra que o verão de 2024 na cidade de Sodankyla, no norte da Finlândia, foi quase 2,1°C mais quente devido às mudanças climáticas, causadas pela atividade humana.
A temperatura média entre junho e agosto de 2024, de 15,9°C, superou o recorde anterior, estabelecido em 1937, em 0,4°C.
Segundo o estudo, as mudanças climáticas aumentaram a probabilidade de verões excepcionalmente quentes em cerca de 100 vezes.
"Se não houvesse mudanças climáticas, o que aconteceu no verão passado teria sido um evento muito, muito, muito raro, que ocorre apenas uma vez a cada 1.400 anos", observou Rantanen.
"No clima atual, no entanto, é provável que um verão como esse ocorra a cada 16 anos", acrescentou.
Rantanen alertou que a Lapônia evolui "além da margem de variação" devido ao aumento das temperaturas naquela área.
Isso leva a ondas de calor mais frequentes, a incêndios florestais e ao aumento do esverdeamento da tundra, o que provoca mudanças irreversíveis nos ecossistemas do Ártico.
Em comparação com outras partes do planeta, a região do Ártico aqueceu quatro vezes mais rápido desde 1979, de acordo com um estudo publicado na Nature em 2022.
"Descobrimos que, até 2050, um verão tão quente quanto o do ano passado poderá ser tão comum que ocorrerá a cada quatro anos", disse Rantanen, que pediu limites nas emissões de gases de efeito estufa, o principal fator responsável pelas mudanças climáticas.
* AFP