Aconteceu na semana passada, num aniversário infantil, daqueles à moda antiga: no canto prudentemente reservado aos pais das crianças, conversávamos gravemente sobre as loucuras do Putin e a qualidade excepcional do molho do cachorrinho quente quando minha filha veio me procurar, esbaforida. Enquanto tentava retomar o fôlego através da máscara, ela me estendeu um videogame portátil de um modelo que eu nunca tinha visto. "Bugou, pai. O Enzo me emprestou. Conserta?". Sopesei o elegante dispositivo (é assim que chamam?), uma pequena joia japonesa que devia custar mais do que a minha TV da sala, e tratei de confessar que eu não saberia nem ligá-lo, quanto mais consertá-lo. "Este é novo demais para mim, filha". Ela, que felizmente só tem oito anos e aquela imensa capacidade de absorver as decepções, disse um "Tá bom" e, assim como ela veio, correndo, assim ela voltou para o meio da algazarra.
O Prazer das Palavras
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Bugado
O mundo digital não vai passar por nós sem deixar suas marcas no idioma
Cláudio Moreno
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