
Sempre que alguém desconfiar da sua opinião por você ter uma paixão por um clube, desconfie. O contraponto, naquele exato momento, está sendo feito exatamente pelo mesmo motivo.
A divulgação da súmula do jogo entre Grêmio e Juventude, fora de prazo e cheia de narrativas distorcidas, impõe uma série de fragilidades que precisam ser discutidas. A segunda-feira (24) foi de agito nos bastidores e, acredito, de uma clara tentativa de mudar os vilões da pobre história vivida na Arena.
As manifestações incomodadas do presidente Alberto Guerra e do vice de futebol Alexandre Rossato os transformaram em réus. Os dois dirigentes do Grêmio serão denunciados pelo TJD-RS, um por uma entrevista e outro pela presença na saída dos árbitros no jogo de sábado. Na prática, a velha máxima. Vejo a vítima sendo transformada em vilã.
Mas acredito que não existe nenhuma repercussão que pode suplantar os fatos, e tudo que se viu após o jogo não pode ser desassociado do episódios ocorridos no gramado da Arena. Um jogo mexido pela incompetência deveria ser a prioridade de quem admira e vive do futebol.
Dos dirigentes, passando pela imprensa e chegando nos torcedores, a principal preocupação deveria ser, penso, pela lisura do resultado, e as repercussões, com excesso ou não, deveriam estar no rodapé das conversas. Ocorre que a briga, aqui, ganha outros componentes. E a "tendência" é uma delas.
A forma de transformar em vítima uma arbitragem medíocre apenas confirma o que tanto conhecemos. Os ditos erros humanos e o dimensionamento da repercussão são apenas algumas das estratégias.
O futebol não é um ambiente para amadores e o jogo fora do campo tem muitas nuances que temos dificuldade de entender. E a forma mais simples de atacar o contraponto é transformando o interlocutor em suspeito. Todos que reclamam com veemência do absurdo de sábado são gremistas e isso os "desmoraliza" na hora de cobrar.
Desabafo
E aqui o meu desabafo. Eu sou gremista desde antes do meu nascimento e nunca escondi isso. Fui gremista todos os dias da minha vida, e serei tricolor até a minha morte. E acredito que o Grêmio é a grande vítima deste imbróglio, mas lendo isso você deve estar pensando que esta opinião é tendenciosa.
Tenho certeza que sim. É um preconceito natural e sem controle. O problema é que, quando se é preconceituoso, as respostas surgem antes mesmo das perguntas. E é neste cenário que estamos convivendo.
No mundo do futebol, vilões e vítimas não são vistos pelos fatos e sim pelas ruas que andam e as camisas que vestem, mesmo que os episódios sejam escandalosos como os do último sábado, na Arena.
Não sei qual será o caminho e o resultado de tudo isso, mas tenho convicção que, nestas horas, aprendemos o quão frágil é o nosso pensamento e a nossa relação.
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