A manchete é polêmica, mas os números do atual caminho do futebol brasileiro explicam muito essa lógica. Os grandes clubes, historicamente, foram definidos por conquistas importantes e por serem movidos por uma multidão de apaixonados fãs.
A quantidade de torcedores definia o tamanho de um clube de futebol.
A história vitoriosa do Grêmio está relacionada à grandeza da sua torcida. O torcedor tricolor sempre foi o fiador dos grandes investimentos e das grandes construções do clube.
Foi a torcida que construiu cada degrau nos mais de 120 anos do Grêmio.
A máxima era simples. Quanto mais participação da torcida, mais dinheiro para o clube. Neste momento, de forma preocupante, esta lógica está mudando.
A forte entrada de dinheiro oriundo de outras atividades no esporte causou um fenômeno que preocupa muito. A estrutura de um clube de futebol diminuiu a necessidade de contar com a sua base de fãs, e, em alguns casos, não quer a sua participação.
A grande maioria dos clubes que procura a SAF faz isso também para centralizar as decisões, tirando o poder de participação dos seus sócios, por exemplo.
No campo financeiro, isso fica evidente. Antes fundamental para a sobrevivência, as rubricas de licenciamento, quadro social e borderô perdem tamanho nos orçamentos dos grandes clubes do nosso futebol.
Os direitos de TV, base de sustentação do futebol nas últimas décadas, ganham mais espaços em plataformas que entregam o conteúdo para outros países do que propriamente o cuidado com os torcedores dos clubes. A distribuição de valores da TV tinha relação direta com o tamanho da base de torcedores. Está relação parece estar mudando também.
Sabemos que o futebol mudou e que hoje os produtos são globais, mas esquecer a razão de sucesso até aqui não me parece o mais inteligente. Os clubes brasileiros precisam saber que existem em razão de suas apaixonadas torcidas e essa sempre será a sua força.
O Grêmio, por exemplo, vive pelo coração dos seus milhões de torcedores e precisa seguir forte pensando neles. É hora de entender os movimentos e contrariar a onda que leva, com ares de verdade absoluta, para projetos que desprendem os clubes de suas torcidas.
O Grêmio precisa reestabelecer os laços com a torcida tricolor e manter viva a sua essência. O Grêmio é a sua torcida e sempre viverá dela.