Ninguém mais pode desmentir a maldição do centenário dos clubes de futebol.
Athletico Paranaense é a nova vítima. O que deveria ser o ápice da glória virou um pesadelo.
Pela primeira vez em 34 anos, Paraná não terá nenhum representante na Série A.
Após vencer duas Sul-Americanas, uma Copa do Brasil, um Campeonato Brasileiro e ser reconhecido por sua gestão moderna e eficaz, o Athletico afundou para a Série B ao completar cem anos. As velas do aniversário terminaram usadas para o seu velório.
Repetiu a sina do seu rival Coritiba, que caiu também no centenário, em 2009. Tal como o Furacão, a equipe paranaense se viu rebaixada na última rodada em 17° lugar — naquela época, nem a estrela de Marcelinho Paraíba a salvou do vexame.
A maldição do centenário é tão forte quanto a lei do ex.
A camisa ocre do Inter, em homenagem ao seu século de vida, é evitada até por colecionadores. Pois simboliza o maior ano do quase. O Inter perdeu a final da Copa do Brasil para o Corinthians e foi vice-campeão no Brasileirão, com dois pontos a menos do que o Flamengo.
O Grêmio igualmente amargou o feitiço. O tricolor lutou até a última rodada para escapar do rebaixamento no Brasileirão. Além disso, foi eliminado nas quartas de final da Libertadores para o Independiente Medellín. No Gauchão, teve uma campanha pífia, tombando na primeira fase.
O torcedor do Galo tampouco tem boas recordações. Levou uma goleada humilhante do Cruzeiro, com placar de 5 a 0, na final do Campeonato Mineiro de 2008.
O Cruzeiro passou o centenário na Série B, marcado por uma profunda crise no clube. Fracassou em tudo o que disputou e ficou longe de montar um plantel competitivo para retornar à elite.
Apesar da presença de Ronaldo Fenômeno, o Corinthians não ganhou nada em sua efeméride, e acabou em quinto lugar no Campeonato Paulista.
A maldição começou com Flamengo. Em 1995, o presidente Kléber Leite formou um elenco recheado de estrelas, com Sávio, Edmundo e Romário no setor ofensivo e Vanderlei Luxemburgo como treinador. O chamado "melhor ataque do mundo" só conseguiu o título da Taça Guanabara.
Em 2024, o Athletico Paranaense arcou com o ônus da instabilidade técnica, com diversas trocas de treinadores ao longo da temporada, e da incapacidade de encontrar um modelo de jogo eficiente. Alguns pensam que pecou pela falta de renovação, baseando-se somente na força de seus medalhões vitoriosos do passado, como Thiago Heleno, Pablo e Nikão. Outros acreditam que foi soberba, afinal era o único time que contava com transmissão exclusiva em canal fechado na Arena da Baixada.
Não dá para desconsiderar o descenso como resultado da ausência de empatia. Tudo o que vai volta. No início da tragédia da enchente no Rio Grande do Sul, a direção do Athletico manifestou-se contrária à possibilidade de suspensão do Brasileirão. Só depois, pela pressão popular, a gestão reviu o seu posicionamento e aderiu à ação solidária.
Restaram o mal-estar e talvez um educativo e doloroso castigo. Infelizmente, sua torcida apaixonada não merecia isso: pagar pelos desmandos e decisões equivocadas da alta cúpula.