Vinicius Junior é melhor do que Neymar. E, para mim, o melhor do mundo depois da provável aposentadoria de Messi.
Se a Copa do Mundo fosse realizada no meio deste ano, a escrita do destino da Seleção Brasileira seria outra. Porque Vinicius melhora a cada jogo, flertando com gênios da bola como Ronaldinho Gaúcho.
Temos nele um projeto de Garrincha disciplinado, tático, estratégico.
Aos 22 anos, Vinicius alcançou glórias que Neymar só obteve bem mais velho. É duas vezes campeão do mundo pelo Real Madrid, campeão da Champions, bicampeão do Espanhol, campeão da Supercopa da Uefa. Não temos como adivinhar do que será capaz daqui para frente.
E é decisivo, e é goleador, marcando em todas as últimas decisões, diferentemente do camisa 10 canarinho, ainda de atuações controvertidas e apagadas nas finais. Vini fez o gol da decisão da Champions League contra o Liverpool, além de um na semifinal contra o Al Ahly, e dois na final em cima do saudita Al Hilal.
Não amarela, não fraqueja, chama a responsabilidade para si. Se Luka Modric é o regente, Vini é o dono da orquestra. Tudo passa por ele. Dribla com precisão quando necessário, sem exibicionismo. Dificilmente perde a bola por uma finta a mais (coisa que Rodrygo ainda faz). Tabela com rapidez, correndo para a área, livrando-se da marcação ao virar o rosto para o lado contrário.
Não o vemos caindo ou rolando no chão apesar de ser a figura mais caçada pelos adversários.
De acordo com MisterChip, perfil espanhol especializado em estatística, o atacante merengue apanha mais do que Neymar e chora muito menos. Entre as sete principais ligas do mundo (Espanha, Inglaterra, Alemanha, França, Itália, Portugal e Holanda), já sofreu 79 faltas no atual Espanhol. Neymar aparece na segunda colocação, com 59 faltas recebidas no Campeonato Francês.
Existe ainda uma maior resistência à pancadaria. Dificilmente Vini se lesiona ou desfalca a sua equipe como Neymar pelo PSG (duas vezes contundido na temporada).
O que mais se destaca em sua personalidade é que, apesar da exuberância técnica e da facilidade de posicionamento de sempre, ele se mostrou humilde na adaptação estrangeira. O adolescente de São Gonçalo chegou desacreditado à Europa, apelidado depreciativamente pela imprensa esportiva de Neguebinha (promessa do Flamengo que não se confirmou com o tempo). Enquanto amargava o banco no primeiro ano, superou as expectativas treinando mais do que o resto do elenco madrileno.
Hoje é brilhante, hoje é desconcertante, patenteando um cruzamento em curva para dentro ou para fora, como a situação exigir. Suas assistências são tão belas quanto seus gols.
A trivela de três dedos para o artilheiro Benzema beijar as redes foi um passe de mágica, bruxaria de gigantes. Ele é sublime quando menos esperamos. Não é o inesperado que procuramos no futebol?