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Poderia começar a semana escrevendo sobre os feitos de diversos esportistas brasileiros, que nos últimos dias garantiram classificação para os Jogos Olímpicos de Paris. E tivemos grandes feitos, como do gaúcho Guilherme Toldo, que vai disputar sua quarta Olimpíada.
Mas infelizmente é necessário falar e escrever quantas vezes forem necessárias sobre crimes que são cometidos no esporte. O mais recente ocorreu em Recife, quando Anderson Melo foi vítima de homofobia em uma etapa do Circuito Brasileiro de vôlei de praia. O jogador de 32 anos, que estava em quadra exercendo sua profissão, passou por uma verdadeira sessão de tortura mental ao ficar em quadra tentando se concentrar no jogo e ouvindo as mais diversas ofensas proferidas por pessoas que se deram o direito de julgar suas escolhas.
E vale sempre lembrar que desde 2019, a homofobia é criminalizada no Brasil. Queiram ou não, é crime e merece e tem que ser punida, assim como o racismo, que segue sendo praticado nos estádios de futebol, mas também nos demais ambientes do esporte. Aliás, aqui o vôlei também ganha destaque negativo e esse ano casos já foram registrados na Superliga B, um em Curitiba e outro em Goiânia. Brasileiros são alvo de discriminação pelo mundo, o mais notório é Vinícius Júnior, vítima contumaz do racismo espanhol. Mas Yago Mateus, da seleção de basquete, já sofreu com o racismo também, entre outros.
Douglas Souza, que até os Jogos de Tóquio defendeu a seleção brasileira de vôlei foi vítima de homofobia na Itália e no próprio ambiente da seleção, o que aliás o fez optar por não aceitar mais as convocações para não ter que se submeter ao um ambiente hostil, como ele mesmo retratou em entrevista dizendo que ao ser chamado pela primeira vez para defender o Brasil "foi alertado de como tinha que se portar e que não poderia falar abertamente sobre ser um homem homossexual".
O Brasil é multicultural, é uma mistura de cores, de povos, de etnias, mas teima em não fugir dessa parte tão abjeta, que é seguir fazendo vistas grossas a crimes como estes, como se fosse algo cultural. Não é cultura ! É crime ! E como todo crime, homofobia, racismo, violência contra a mulher e qualquer outra discriminação ou preconceito deve ser punido.
Por isso, somos todos Anderson Melo. Somos todos Douglas Souza. Somos todos Vinícius Junior. Somos todos Dani Suco, Camilly e Thais. E devemos, sim, levantar todas as bandeiras possíveis conta o preconceito e em especial contra os preconceituosos. E o esporte é a melhor arma para isso. Ele deve educar, unir. Afinal não há espaço no mundo que mais aceite pessoas de todas as cores, credos, camadas sociais, preferências políticas, opção sexual e que possa ser mais diverso que o esporte.
Temos que dar uma basta. O esporte e a sociedade não podem mais admitir preconceito.