Ao ler a excelente matéria do repórter de GZH Rafael Diverio mostrando que Grêmio e Inter são os únicos grandes do Brasil a não ter futsal, nem mesmo na base, resolvi ampliar o assunto e trazê-lo para o âmbito olímpico. E o resultado é o mesmo. A dupla Gre-Nal não conta com equipes em modalidades olímpicas.
E por qual motivo não se tem investimento nos grandes clubes gaúchos? Com certeza não é por falta de patrocínios. Até porque marcas mundiais do tamanho de Inter e Grêmio conseguiriam tornar viáveis esses projetos, se eles existissem. O que temos nesse caso é a total falta de vontade de manter equipes competitivas. E já ouvi essa afirmação de pessoas envolvidas com o esporte olímpico aqui no Estado.
Mas afinal o gaúcho gosta de esporte ou apenas nutre a rivalidade Gre-Nal nos gramados ?
No Brasil, os quatro grandes de São Paulo, os quatro grandes do Rio de Janeiro e o Cruzeiro, em Minas Gerais, têm equipes das mais diversas modalidades, como basquete, boxe, handebol, natação, remo, skate, surfe, vôlei, atletismo, ginástica artística, judô, tênis, tênis de mesa, polo aquático, remo, canoagem, nado artístico e saltos ornamentais.
As ginastas Rebeca Andrade, Flávia Saraiva e Jade Barbosa são atletas do Flamengo, assim como o canoísta Isaquias Queiroz. O rubro-negro carioca conta com Bernardinho como treinador de sua equipe feminina de vôlei, que enfrenta o Fluminense na Superliga, que no masculino é dominada pelo Cruzeiro.
O São Paulo foi campeão da Champions League das Américas de basquete, em que disputa clássicos com o Corinthians. O Vasco voltou ao NBB nesta temporada. O Botafogo é o clube do remador Lucas Verthein, ouro no Pan de Santiago. O Palmeiras tem suas cores defendidas pela judoca Dandara Camillo, uma das apostas do Brasil para o próximo ciclo olímpico. O Santos tem time de goalball, que é paralímpico.
O Atlético Mineiro, a exemplo dos dois grandes gaúchos, não tem equipes adultas ou de base de esportes olímpicos e mantém o futebol feminino, que entrou na lista de todos os clubes brasileiros por obrigação da Conmebol e CBF para que possam participar de suas competições. De Belo Horizonte recebi a informação que o Galo tem um projeto de captação de parceiros para basquete e futsal, que não é olímpico. Os mineiros também tem uma equipe na liga brasileira de futebol americano.
Se ampliarmos para a Europa veremos que Real Madrid, Barcelona, Benfica, Porto e Milan, por exemplo, possuem equipes em outras modalidades. Na Argentina, o esporte é muito difundido e os grandes tem times em diversas modalidades. Aqui, ainda dependemos dos clubes associativos e felizmente eles exercem esse papel. No Rio Grande do Sul, o vôlei que foi potência desapareceu no cenário nacional, o basquete luta como pode e Caxias Basquete e União Corinthians conseguem se sustentar na principal liga do país.
É uma triste realidade, até porque o peso de grandes clubes atrai investidores e isso pode refletir no crescimento das mais diversas modalidades e incentivar a busca por esses esportes. Só para lembrar somos o Estado de Daiane dos Santos, Gustavo e Murilo Endres, Renan Dal Zotto, João Derly, Mayra Aguiar, Daniel Cargnin, Fernando Scheffer e tantos outros grandes nomes do esporte olímpico.