A batalha envolvendo a disputa pela gestão do skate no Brasil, entre Confederação Brasileira de Skate (CBSK) e Confederação Brasileira de Hóquei e Patins (CBHP), deverá ser encerrada em janeiro, já que até o prazo estipulado pela World Skate, a Federação Mundial da modalidade, o dia 31 de dezembro, não ocorrerá um acordo entre as partes.
O skate foi aprovado no programa olímpico em 2016, e desde então teve início a disputa pela administração da modalidade no Brasil. Num primeiro momento, foi a CBHP quem liderou o esporte. O próprio Comitê Olímpico do Brasil (COB) reconheceu a liderança da entidade em carta enviada em novembro daquele ano, pelo então diretor-executivo de esportes, Agberto Guimarães. Mas em 2018, a World Skate resolveu reconhecer a CBSK para evitar qualquer boicote. Medida essa adotada em outros países onde o mesmo fato ocorria. No Japão, o Brasil conquistou três medalhas de prata.
E é aí que começa o novo capítulo da disputa CBSK x CBHP. Segundo Moacyr Neurnschander Junior, presidente da CBHP, após esse acordo ficou estabelecido que depois de Tóquio apenas uma confederação poderia administrar a modalidade para seguir o que diz a Carta Olímpica.
Entidade que é a ligação do esporte no país com o Comitê Olímpico Internacional (COI), o COB optou por uma posição neutra. Em nota oficial, divulgada após a Assembleia Geral Extraordinária realizada na última sexta, no Rio de Janeiro, a entidade garantiu que irá filiar e apoiar a confederação que estiver associada à federação internacional.
"A Carta Olímpica determina que o COB deve filiar e apoiar a confederação que vier a ser filiada por sua respectiva federação internacional" garantiu o comitê brasileiro, que completou afirmando que "é atribuição exclusiva da World Skate definir qual confederação será a responsável pela representação do skate no Brasil".
Sem acordo até o momento, o tema voltou à sua origem: duas confederações buscando administrar a mesma modalidade. Dessa forma, caberá a World Skate determinar quem terá essa incumbência.
A CBSK tem feito campanha em redes sociais para garantir que seguirá sendo a responsável pelo skate e conta com o apoio da maioria dos atletas. Segundo o presidente Eduardo Musa, a questão poderá ser definida pelo Ministério do Esporte, que seria a máxima autoridade do esporte no país e não o COB.
— A gente recebeu na noite de sexta um parecer jurídico do Ministério do Esporte, onde eles entendem que eles são a autoridade esportiva brasileira definida no estatuto (da World Skate), porque a Federação Internacional diz que "se as entidades não chegarem a um acordo, a maior autoridade esportiva do país será consultada". E no Brasil é o Ministério do Esporte, através do Conselho Nacional do Esporte (CNE), e a World Skate já foi informada disso, e ela deverá consultar o ministério e não o COB— garantiu.
Porém, em contato com GZH, o presidente da CBHP, afirma que " nenhum Governo tem o poder de dizer à uma Federação Internacional como esta deve constituir seu Estatuto". Segundo Moacyr Junior, " as federações internacionais olímpicas, comunicam-se com os Comitês Olímpicos Nacionais (CONs) e não com os governos dos países. Isso não lhes é de alçada".
Em janeiro, o comitê executivo da World Skate deverá se reunir para analisar como o skate está sendo administrado em cada país, e naqueles que não têm uma única confederação, a federação internacional deverá fazer a escolha e comunicar ao respectivo comitê olímpico nacional.
O COB sugeriu "a possibilidade de ambas as entidades se associarem a uma única entidade para representar todas as suas modalidades perante a federação internacional e, consequentemente, o COB". Mas o acordo parece distante.