Começo este texto informando aos leitores que farei um relato da última semana, em que me envolvi por um clima que há muito tempo não testemunhava. Uma cidade totalmente envolvida com uma causa, como fez Santa Cruz do Sul com a classificação da seleção brasileira masculina de basquete para a próxima Copa do Mundo.
O início foi preocupante, com a derrota para Porto Rico, no último segundo de jogo. Mas, quanto maior o desafio, melhor. "Gostamos de derrubar gigantes", me disse o entusiasmado e incansável Diego Puntel, diretor do União Corinthians, que nas duas últimas temporadas devolveu a cidade do Vale do Rio Pardo ao cenário esportivo nacional. Aliás, como está relatado nas páginas de 7 Mil Dias A Volta de Santa Cruz do Sul À Elite do Basquete, segundo livro do jornalista Guilherme Mazui Roesler, que mesmo tendo nascido em Santa Maria é um santa-cruzense de coração.
Inclusive, coração é a palavra que pode descrever como a cidade de Santa Cruz Sul vive para o esporte. E aqui peço licença aos "basqueteiros" para falar do Tiago Rech, o orgulhoso torcedor solitário do Santa Cruz, clube que ele já presidiu e segue como colaborador. Mas também poderia falar do experiente Jair Eich, que preside o Avenida e tem o filho Guilherme no futebol. Ou ainda de Júlio César da Rosa, que já foi jogador, auxiliar, técnico e que hoje cuida da formação de jovens atletas.
Mas não para por aí a veia esportiva dos santa-cruzenses. O atletismo já nos brindou com Sabine Heitling, Christiane Ritz dos Santos e Fabiano Peçanha, que hoje treina a noiva Jaqueline Weber, que busca vaga para Paris-2024. Bráulio Voigt, que fez parte das históricas equipes de vôlei da Frangosul//Ginástica e da Ulbra, campeãs nacionais na década de 1990.
E o que dizer ao parar para ouvir histórias contadas por Hiram Almeida, diretor do fantástico time de basquete da Pitt/Corinthians, a equipe dirigida por Ary Vidal. E Luciano Hillesheim, peça importante dos vestiários e que é testemunha de muitos fatos desta história do esporte local.
Poderia ainda falar do secretário de Desenvolvimento Social e Esportes, Everson Bello, do vereador Henrique Hermany, de Alexander Frantz, neto do ex-prefeito Arno Frantz, que dá o nome ao Ginásio Poliesportivo. Todos eles entusiasmados e entusiastas do basquete e com ligação com os clubes da cidade.
Assim como citar o professor olímpico Heleno Hausmann, que desde 2004 se faz presente aos Jogos Olímpicos e busca levar para a cidade o sentimento de estar presente no maior evento esportivo do mundo, assim como faz diariamente com seus alunos.
Citei aqui diversas pessoas e todas elas com alguma ligação com o esporte e que sabem o poder transformador que ele pode ter. Me identifiquei muito com esse sentimento, porque é exatamente ele que carrego comigo, de que o esporte pode fazer um mundo bem melhor, fazendo parte da rotina das pessoas e, acima de tudo, unindo-as em torno de um objetivo, como fez Santa Cruz do Sul com a seleção brasileira de basquete.
Por isso: obrigado, Santa Cruz do Sul. Obrigado por me fazer sentir a pele arrepiar na execução do hino nacional, nos gritos de incentivo à equipe em quadra nos momentos mais difíceis e de ver aquela emocionante festa dentro da quadra para celebrar a vitória sobre os Estados Unidos e a classificação para o Mundial. Meu muito obrigada por me fazer acreditar ainda mais que o esporte vai além da competição.