Dizer que o primeiro dia da greve dos caminhoneiros não teve nenhum efeito no transporte da produção gaúcha seria um erro. Mas mesmo entre os representantes das indústrias ligadas ao agronegócio, a percepção é de que o fluxo, apesar de retardado, não foi estancado. Nos pontos de bloqueio, cargas perecíveis ganharam passagem.
- No primeiro dia, ainda deu para operacionalizar o transporte. Mas como o movimento não tem um líder, é preciso negociar a passagem em cada parada - afirma Alexandre Guerra, presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Estado (Sindilat-RS).
Em muitos locais, as empresas buscaram rotas alternativas para garantir o transporte de itens processados e também de matéria-prima. O grupo anticrise esteve reunido nesta segunda-feira e nesta terça, no início da tarde, volta a fazer uma avaliação dos efeitos da paralisação. Estão envolvidos nessa discussão representantes de entidades de RS, SC, SP e MG. Em outros Estados, a preocupação com os efeitos da parada é grande, sobretudo em Minas Gerais.
- Como já existe todo um sistema de liminares, os movimentos estão sendo mais cuidadosos - pondera José Eduardo dos Santos, diretor-executivo da Associação Gaúcha de Avicultura, sobre a liberação das cargas perecíveis.
PRF escolta centenas de caminhões e esvazia greve no norte do RS
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que reúne as indústrias de suínos e aves, garante que as liberações judiciais obtidas em fevereiro contra os bloqueios seguem valendo. É o caso da liminar da 1ª Vara Federal de Joaçaba (SC), que concede às empresas associadas trânsito livre nas rodovias federais. O alerta é de que a passagem tem de ser concedida para caminhões carregados ou que estejam buscando carga. Em fevereiro, os prejuízos foram de mais de R$ 700 milhões.
- Novembro será crucial para o setor recuperar perdas com a primeira greve dos caminhoneiros, além da paralisação dos trabalhos dos fiscais federais agropecuários, entre setembro e outubro. Neste mês, grandes importadores, como a Rússia, elevam suas importações visando a formação de estoques para enfrentar o inverno, quando a atividade de portos é suspensa devido ao frio e ao gelo - reforça Francisco Turra, presidente da ABPA.