Além da cautela dos produtores, a demora na liberação de recursos para financiamentos agrícolas é apontada pela indústria de máquinas como um dos fatores que têm freado o ritmo dos negócios. O tema é tão sensível que pautou reunião em Brasília, nesta semana, entre a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, e representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). No encontro, ficou definido que haverá um monitoramento do fluxo do dinheiro colocado à disposição dos produtores.
O Ministério da Fazenda deve apresentar, dentro de 30 dias, um mapeamento detalhado, por cultura e região.
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Em Esteio, na 38ª Expointer, o assunto também não passa batido. Fabricantes de máquinas e implementos afirmam que a liberação do crédito está demorando e também ficou mais seletiva. Gerente de vendas da Massey Ferguson no Brasil, Leonel Oliveira diz que o quadro de negócios só mudará quando os recursos estiverem disponíveis:
- Tem propostas que foram encaminhadas na Expodireto, em março, e ainda não foram aprovadas.
Para o diretor comercial no Brasil da New Holland, Alexandre Blasi, os bancos, de uma maneira geral, estão mais restritivos, opinião compartilhada por Claudio Bier, presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Estado (Simers). Na avaliação de Blasi, as linhas do BNDES tiveram melhora no fluxo após a entrada em vigor do Plano Safra 2015/2016.
Nas linhas voltadas ao médio e ao agricultor familiar, no entanto, a lentidão e a falta de recursos ainda estariam persistindo.
Preocupa, neste momento, o zum-zum-zum - não confirmado pelo Ministério da Agricultura - de cortes nos valores do Plano Safra.
Responsável por 65% dos financiamentos agrícolas do Estado, o Banco do Brasil (BB), contrapõe as queixas. O gerente de mercado agronegócios, João Paulo Comerlato, afirma que a liberação do crédito está ocorrendo normalmente. E usa números para argumentar:
- Só em julho e agosto irrigamos R$ 2,8 bilhões no Estado.
Para não ficar refém das linhas do BNDES, o BB levou para Esteio R$ 500 milhões em recursos próprios e tem como meta alcançar mesmo volume de negócios de 2014 - R$ 1,038 bilhão.