Em meio ao silêncio e reflexão, um clima de fé e emoção se espalhava entre as cerca de 1,5 mil pessoas que acompanharam a encenação da 21ª Via Sacra, na manhã desta Sexta-feira Santa (18), em Caxias do Sul. O evento foi realizado junto ao monumento Jesus Terceiro Milênio e atraiu centenas de fiéis que acompanharam cada uma das 14 passagens que representam os passos de Jesus Cristo antes da crucificação.
A encenação começou pouco depois das 9h e contou com a participação de cerca de 30 jovens de diversos grupos, movimentos e pastorais do setor da Juventude da Diocese.
Neste ano, a encenação se iniciou com a reflexão sobre a Campanha da Fraternidade, que tem como tema Fraternidade e Ecologia Integral e o lema Deus viu que tudo era muito bom. A passagem escolhida foi a do semeador narrada no capítulo 13 de Mateus, para demostrar como Jesus utilizava as parábolas, muitas vezes relacionando a elementos da natureza, para falar às pessoas.
A representação seguiu percorrendo as estações da Via Sacra, que se iniciou na condenação de Jesus, subindo à escadaria até ao lado do monumento Jesus Terceiro Milênio, onde ocorreu a crucificação e morte na cruz, ao som de Ninguém te ama como eu, clássica música religiosa. O momento de oração foi conduzido pelo assessor do setor Juventude, padre Gustavo Predebon e contou com a presença do bispo diocesano de Caxias do Sul, dom José Gislon.
Coube a Fábio Venâncio Miranda, 41 anos, a tarefa de interpretar Jesus Cristo. Foi o segundo ano consecutivo que ele assumiu o papel.
— É muito emocionante viver esse papel porque Jesus transmitiu um amor que é inalcançável para o ser humano. Emociona demais e toca o coração — disse Miranda, ao final da encenação.

Maria, mãe de Jesus, foi encenada por Ilda Nascimento, que já havia interpretado outros papéis nas edições passadas da Via Sacra.
O ato nos Pavilhões começou com bênção do bispo. Ele comemorou a presença das crianças e pediu aos pais que cuidem da espiritualidade da família:
— Eu vejo muitos pais que trouxeram seus filhos e idosos também. Isso mostra a proximidade e presença de Deus. Participar desse momento, nesse ano do Jubileu, é acolher a Cristo.
Nilva Maria Dartora, 79, acompanha a encenação da Via Sacra todos os anos. No dia anterior também havia participado do rito do lava-pés, na Catedral.
— Esse momento significa tentar sentir aquilo que Jesus sentiu. E de tantos ensinamentos que Ele nos ensinou, o maior é a humildade — disse, emocionada.

Em um dos momentos em que Cristo cai com a cruz, Márcia Rosângela de Campos Pereira, 54, abraçada ao marido Idiomar Pereira, 59, chorava diante da cena representada.
— Sempre que possível a gente participa desse momento que significa rever realmente a paixão de Cristo, o que aconteceu com ele. E não tem como a gente não se emocionar — disse Márcia.

Uma história de 21 anos
A encenação da Via Sacra já é uma tradição na Diocese de Caxias do Sul, realizada há 21 anos. Começou em 2004, a partir da articulação de jovens e padres da paróquia São José. Nas primeiras edições, ocorria na quadra ao redor da igreja e depois foi transferida para os pavilhões da Festa da Uva.
Na sequência, se uniram à organização e realização da Via Sacra todos os grupos de jovens da área São José de Caxias do Sul, que inclui as paróquias Santa Catarina, Santa Rita de Cássia e Nossa Senhora de Fátima. Em 2014, a encenação passou a ser coordenada pelo setor da Juventude da Diocese, abrangendo movimentos, grupos e pastorais de toda a cidade. Todos os atores e pessoas envolvidas na organização são voluntários.
Procissão do Cristo Morto
À tarde, a tradicional procissão do Cristo Morto ocorre pelas ruas centrais de Caxias do Sul. Neste ano, grupos vindos das paróquias São Pelegrino, Santo Antônio, Imaculada Conceição, São Leonardo Murialdo e São Pio X se juntam aos fiéis que acompanham a programação na Catedral.
A caminhada que parte de São Pelegrino, com as paróquias Santo Antônio e Imaculada Conceição, às 14h30min, terá à frente a Cruz da Juventude e será carregada por jovens de diversos grupos presentes na cidade, como sinal de preparação para o Bote Fé, encontro da juventude católica do Rio Grande do Sul que acontecerá em novembro, em Caxias.
Na Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, a celebração da Paixão será às 14h, e o grupo irá partir às 14h45min até a Capela do Santo Sepulcro para buscar a imagem de Nossa Senhora das Dores. Na comunidade Cristo Redentor, a celebração será no mesmo horário, e os fiéis irão carregar o banner do Jubileu de 2025, que tem como tema Peregrinos da Esperança. Esses dois grupos irão se encontrar na Rua Sinimbu, esquina com a Rua Vereador Mário Pezzi, e seguirão pela Rua Sinimbu.
No entroncamento da Rua Sinimbu com a Rua Do Guia Lopes, vai acontecer o encontro das imagens do Cristo Morto e de Nossa Senhora das Dores, momento em que todas as procissões se unem.
O Sábado Santo (19) será marcado pela Vigília Pascal, com a bênção do fogo novo e da água, além do acendimento do Círio Pascal e do canto do Exultet, o hino de proclamação da Páscoa. Dom José irá presidir a missa às 19h, na Catedral. O Domingo de Páscoa (20) terá as celebrações nos horários habituais, 9h, 11h e 19h, na Catedral.