Basta uma rápida passagem pelas lavouras de trigo no Planalto Médio e Missões, importantes regiões produtoras do Estado, para perceber que, neste ano, a paisagem ganhou uma coloração indesejada. O amarelo em meio às plantações evidencia o estrago da geada, que deve fazer produtores colherem, pelo segundo ano consecutivo, uma safra frustrada.
O primeiro levantamento feito pela Emater projeta perdas de até 10%. Nas regiões mencionadas, os percentuais de prejuízo devem ser bem maiores. Em Palmeira das Missões, onde a área somou 24 mil hectares neste ano - 20% a menos do que no ano passado -, as perdas podem passar de 60%, estima Lúcio Borges, secretário municipal de Agricultura.
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Cerca de R$ 7 milhões devem deixar de circular no município - que tem 38% da arrecadação de ICMS vinda do agronegócio.
Também haverá problemas no milho já semeado: perdas entre 50% e 60%.
Presidente da Comissão de Trigo da Federação da Agricultura do Estado e produtor em Palmeira das Missões, Hamilton Jardim diz que a janela de plantio foi "muito ampla" e que, por isso, os prejuízos serão diferentes em cada região. Nas Missões e Planalto, "não devem baixar de 40%":
- Há perdas no volume de produção causadas pela geada, e na qualidade, devido à chuva.
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Em 2014, a combinação de umidade e altas temperaturas fez com que as doenças proliferassem. A colheita encolheu 50%. Em Palmeira das Missões, a busca é por alternativas.
- Uma das ideias é a integração lavoura-pecuária - diz Borges.
Estratégia que já é realidade na propriedade de Ivonei Librelotto, em Boa Vista das Missões. Os resultados aparecem nos números. De 2008 para cá, o volume de grãos produzido em 111,8 hectares passou de 2,4 mil sacas para 10,26 mil sacas. O trigo é plantado com duplo propósito: alimento para o gado e colheita. Passou a ser o pilar do sistema de produção.
- É o pensamento de não botar todos os ovos em uma cesta só - ensina Librelotto, que participou do Ciclo de Palestras do Agronegócio de Zero Hora, em Palmeira das Missões.
Campo aberto
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Gisele Loeblein
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