Quando um mercado do tamanho da China bate à porta, é melhor não desperdiçar a chance e atender. Tanto que o governo federal adiou o anúncio do Plano Safra para receber o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, em Brasília. A notícia de que 26 frigoríficos serão credenciados para fazer negócios empolga. E, ao mesmo tempo, pede um pouco de cautela.
É que existe um certo timing entre o anúncio e o embarque realizado. Se é verdade que o potencial de vendas é estimado pelo Ministério da Agricultura em US$ 520 milhões, também é verdade que só se concretiza quando o produto é despachado.
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Nove plantas (oito de bovinos) tiveram a habilitação oficializadanesta terça-feira. As outras 17 receberão a credencial em junho, quando a ministra Kátia Abreu viajará à China. No grupo das que já têm sinal verde está a unidade de abates de bovinos da Marfrig em Alegrete.
Os frigoríficos de bovinos retomam canal interrompido em 2012, quando a China embargou as compras do Brasil por conta da comunicação de um caso não clássico da doença popularmente conhecida como vaca louca.
Desde então, os dois países vinham negociando a retomada. Anunciada no ano passado, a reabertura do mercado também foi confirmada nesta terça.
- Foi uma longa espera. Tem uma importância magnânima, a China é um consumidor de todo tipo de carne - afirma Antônio Camardelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne.
Mais do que isso, vem em boa hora. Os chineses entram como alternativa para o setor - que encerrou o primeiro quadrimestre com queda de 17% na receita.
O encaixe comercial começa agora.
- Sempre é mais um mercado. Mas os cortes comprados pelos chineses não são nobres - pondera Zilmar Moussalle, diretor-executivo do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do RS.