Se o preço da carne parece não parar de subir nos últimos meses, é preciso se preparar para reajustes ainda maiores daqui para frente. Principal vilã da inflação em setembro, com alta de 3,7% (a maior desde outubro do ano passado), a proteína animal tende a continuar em elevação nos próximos meses. Boa parte da alta do produto, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), é atribuída ao aumento das exportações à China e à Rússia. O mercado russo suspendeu neste ano as compras dos Estados Unidos e da União Europeia e aumentou os negócios com o Brasil.
De janeiro a setembro, as vendas externas de carne bovina cresceram 6,3% no país, na comparação com o mesmo período de 2013.
- Enquanto isso, a oferta deve fechar o ano com um crescimento inferior a 2% - compara Carlos Cogo, consultor de mercado agropecuário.
Os percentuais remetem ao mais elementar princípio da economia: a lei da oferta e procura. Com demanda mundial crescente, e consequente escassez de carne, o consumidor acaba tendo de arcar com preços maiores no mercado doméstico. No acumulado de janeiro a outubro deste ano, a cotação do boi gordo aumentou 13%, conforme o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-USP).
Nesta semana, a arroba do animal atingiu preço recorde (R$ 131) no mercado de São Paulo. A oferta de gado acabou sendo impactada ainda pela seca em Estados como São Paulo e Minas Gerais. A diminuição de pastagens, com necessidade de suplementação, também elevou os custos de produção.
A alta da carne bovina no acumulado do ano foi seguida por aumentos sucessivos nos frangos (10%) e nos suínos (16,6%). Todos esses reajustes vão parar lá na ponta, no bolso do consumidor. E com o Brasil posicionado como principal exportador mundial de carnes, e o consumo puxado pelo aumento de renda da população, é difícil prever alguma baixa de preço a curto e médio prazo. Em outras palavras, o churrasco vai continuar custando caro.