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Representante de um setor que movimenta anualmente cerca de US$ 10 bilhões em exportações e com o prestígio de quem já esteve à frente do Ministério da Agricultura, Francisco Turra deixou clara sua mensagem para o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.
- Se tivesse de fazer apenas um pedido, é de que ela não mantenha o país isolado como está. O Brasil sofre de paralisia em acordos bilaterais com outros países - disse o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), no Tá Na Mesa em comemoração aos 87 anos da Federasul.
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Para justificar sua reivindicação, usou números como argumento. Como o de que o Chile tem hoje acordos comerciais com 86% do PIB mundial, enquanto o Brasil, 2%.
Apesar do prognóstico de bom desempenho para este ano nos embarques de suínos e aves, Turra argumenta que muitos dos mercados conquistados hoje pelos dois segmentos são reflexos de condições pontuais.
É o caso do México, cujas portas se abriram para produtos brasileiros devido a questões sanitárias. Os Estados Unidos, com os quais os mexicanos mantêm acordo de livre comércio, são isentos de tarifa, ao passo que o Brasil tem taxa de 150%, no caso do frango.
Da mesma forma, a peste suína africana na Europa abriu espaço no bloco para a entrada da carne brasileira.
E há ainda o fator Rússia. A crise política entre russos e ucranianos levou ao boicote dos produtos americanos e europeus.
O resultado foi uma enxurrada de novas habilitações de frigoríficos de carne bovina, suína e de frango, que já está engordando a conta das exportações brasileiras.
Nas aves, a média de compras da Rússia vinha na casa das 5 mil toneladas até julho. Em setembro, cresceu para mais de 20 mil toneladas e deve fechar em 30 mil toneladas em outubro.
- Hoje, virou o jogo, somos preferenciais, mas a Rússia é um mercado instável - diz Turra.
Acordos bilaterais evitariam que o Brasil ficasse refém dessas situações para conseguir colocar produto no mercado externo.