Ainda que esperado pelo mercado diante da atual conjuntura, traz desconforto o recuo no preço da soja para patamar inferior a US$ 10 o bushel - nos contratos com vencimento em novembro e janeiro. A última vez que essa marca havia sido registrada foi há quatro anos.
Pesa na especulação da Bolsa de Chicago a estimada superoferta mundial do grão, com safra recorde nos Estados Unidos e colheita cheia também na América do Sul, onde o plantio ainda nem teve início. Esse cenário empurra os preços para baixo.
Com cerca de três semanas pela frente antes da intensificação da colheita, os americanos estão mais próximos de volume histórico, projetado em 103 milhões de toneladas, mas que pode crescer.
As lavouras de lá têm boas condições e, salvo algum contratempo climático, devem resultar em alto rendimento.
O relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) a ser divulgado nesta quinta-feira promete elevar as expectativas - há quem aposte em colheita de até 109 milhões de toneladas.
- Realmente devemos ter uma expansão da oferta mundial de soja - afirma Luiz Fernando Gutierrez Roque, analista da Safras & Mercado.
É verdade que o apetite pelo grão também cresce. O analista de mercado Farias Toigo, da Capital Corretora, avalia que o consumo em alta continuará sustentando a venda do grão.
Para Roque, o ritmo da demanda, no entanto, é inferior ao do volume que será colocado à venda, em se confirmando a produção esperada.
Ainda assim, a rentabilidade da soja tem se mostrado superior à de outras culturas, o que deve continuar incentivando o plantio do grão no país e no Estado, como já anunciam projeções para a próxima safra de verão.
- Não é terra arrasada, o mundo precisa comer. Temos de continuar produzindo bem - avalia Toigo.
Se o limite para a queda da commmodity existe, ainda que não haja consenso sobre o valor exato, a próxima safra de verão deverá impor um ritmo mais lento de ganhos ao produtor daqui.