Apesar dos esforços feitos para resolver o problema, a Companhia Estadual de Silos e Armazéns (Cesa) ainda reflete em suas contas velhos fantasmas. Ações trabalhistas acumuladas no passado seguem comprometendo a saúde financeira da estatal. Juros também ajudam a consumir bons resultados.
No balanço publicado nesta semana, alguns números preocupam. Como o prejuízo de 2013: é quatro vezes maior do que o resultado negativo do ano anterior, chegando a R$ 62,67 milhões. No mesmo período, a receita operacional bruta foi de R$ 23,51 milhões.
A razão para o descompasso aparece no balanço. O item Outras Despesas Operacionias saltou de R$ 12,11 milhões para R$ 54,53 milhões. Pesa aí a provisão do pagamento de ações trabalhistas. Ou seja, é dinheiro que ainda não foi, mas poderá ter de ser desembolsado. Uma ação coletiva de 2001, referente a díssidio, representa, sozinha, mais de R$ 38 milhões.
A dívida trabalhista é um problema que deve cessar no futuro, estima o atual presidente da Cesa, Marcio Pilger:
- É um passivo de anos atrás. De janeiro de 2011 a julho deste ano, tivemos 90% de êxito nas ações trabalhistas. Ou seja, não estamos gerando mais passivos para o futuro.
Com 20 unidades operando em 18 municípios e outras cinco desativadas (em Santa Bárbara, Nova Prata, Passo Fundo, Estação e Caxias do Sul), a Cesa ainda não desistiu do projeto de federalização. Como é um processo complexo, tem outras opções para sair do vermelho.
No curto prazo, adotou a estratégia da gestão administrativa para estancar a geração de novas dívidas. No médio prazo, ainda existem duas opções. A primeira é a venda da unidade de Passo Fundo - o edital deve sair dentro de 15 dias. A segunda, a transformação da unidade de Capão do Leão, com criação de um pátio para descanso de caminhoneiros.
A longo prazo, a ideia é focar na Capital e em Rio Grande, explorando a vocação logística da estatal. Para que tudo isso funcione - a Cesa busca se recuperar há três anos -, é preciso exorcizar de vez os fantasmas que ainda teimam em habitar silos e salas da estatal, levando embora parte dos recursos públicos que poderiam estar indo em outra direção.