Dizer que é o consumidor quem dita o ritmo de produção e quem determina qual produto deve chegar às prateleiras dos supermercados não é grande novidade. Mas essa poderosa ferramenta de gestão, já absorvida e utilizada em muitos setores da produção, é um dever de casa que ainda precisa ser feito quando se trata de pecuária de corte.
Sim, o criador tem de começar sua produção do consumidor para a porteira, e não o contrário. Quem afirma isso são especialistas brasileiros e estrangeiros reunidos em Porto Alegre, de 24 a 26 de setembro, para a 8ª Jornada do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (Nespro) da UFRGS.
- O bom produtor, que tem gestão, inovação, está tentando olhar para o que o consumidor quer. Porque, a partir daí, se busca a técnica mais adequada para chegar ao resultado desejado - afirma o médico veterinário Silvio Menegassi.
Luís Kluwe Aguiar, especialista em política de alimentação, com atuação na Royal Agriculture University e prestes a estrear na Harper Adams University, duas instituições tidas como referências em agronegócio da Grã-Bretanha, faz uma projeção da pecuária em 2020. Sob a visão do consumidor.
Cinco grandes temas deverão chamar a atenção das pessoas, das indústrias e do governo neste cenário futuro: produção de alimentos saudáveis, sustentabilidade, preço, desperdício e conveniência.
- O consumidor na Europa e nos Estados Unidos não tem tempo para sentar e comer em um restaurante. Nas grandes cidades, com seus engarrafamentos, o carro, por exemplo, virou um novo ambiente de consumo - observa Aguiar.
Como consequência desses diferentes aspectos que influenciam o mercado da carne, o produtor vai precisar estar mais bem preparado. Ou seja, terá de buscar qualificação técnica, ser muito mais profissional. Apenas paixão e tradição, em um negócio que passa de pai para filho - realidade de muitas propriedades gaúchas -, não será mais suficiente.