Desde o início da fraude detectada pelo Ministério Público gaúcho, uma porção da cadeia do leite vinha se mantendo incólume ao problema. Em meio a tantas incertezas diante do consumidor, as cooperativas que atuam no setor representavam uma espécie de porto seguro. A percepção era resultado da imagem de rigor no controle da produção e do compromisso dos associados, que fazem questão de garantir a qualidade da mercadoria entregue.
Mas a revelação, ontem, na segunda fase da operação Leite Compen$ado, de que o leite adulterado era comprado pela Confepar, acende o alerta vermelho. A cooperativa tem 30 anos no mercado e é a principal em atuação no norte do Paraná.
Manifestando-se apenas por nota, a indústria rechaçou qualquer participação na fraude. Mas ficou claro que algo falhou no caminho. Do contrário, a Confepar teria pelo menos colocado sob suspeita a compra feita no Rio Grande do Sul tão logo veio a notificação do Ministério da Agricultura para que reforçasse os testes feitos no produto proveniente de fornecedores gaúchos.
Presidente do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado (Ocergs), Vergilio Perius reforça o coro dos que reclamam da ausência de uma fiscalização mais dura no caminho do leite.
- Temos de corrigir o papel dos freteiros - afirma, ao mesmo tempo em que defende o zelo como prática habitual nas plataformas de recebimento de leite das cooperativas gaúchas.
Há cerca de cinco anos, foram feitas, inclusive, experiências para atribuir o recolhimento do leite a funcionários próprios, sem depender de terceiros para a tarefa. A proposta esbarrou no custo elevado.
- O Estado terá de encontrar um caminho - recomenda Perius.