O Hemisfério Norte registrou redução dos dias de frio intenso e de fortes nevascas durante o inverno na última década, alertou nesta terça-feira (17) um estudo do Climate Central. E isso terá consequências para a agricultura e o turismo.
O aumento súbito nos índices mundiais de temperatura tem chamado a atenção de cientistas. O observatório europeu Copernicus anunciou que 2024 será o ano mais quente já registrado, o primeiro a superar o nível de aquecimento de 1,5°C em comparação com o período pré-industrial, limite estabelecido pelo Acordo de Paris. O dia 21 de julho de 2024 foi apontado como como o mais quente já registrado no mundo, segundo o mesmo observatório.
Participaram do estudo 123 países e 901 cidades. Desses, o centro de pesquisa americano estima que mais de um terço (44) das nações e quase metade (393) dos municípios analisados perderam pelo menos o equivalente a uma semana de dias de geada (temperaturas inferiores a 0 ºC) todos os anos devido ao aquecimento causado pelo homem.
A análise concentra-se nos índices de temperatura mínima entre os meses de dezembro e fevereiro - que correspondem ao inverno do Hemisfério Norte - durante a década 2014-2023. O estudo baseou-se em dados de observação comparados à simulação de um clima que não teria sido afetado pelo aquecimento resultante da utilização massiva de carvão, petróleo e gás.
Concluiu que a mudança climática aumentou principalmente o número de dias de inverno com temperatura positiva na Europa, o continente que aquece mais rapidamente no mundo. Os países mais afetados foram a Dinamarca e os países bálticos.
A França registrou pelo menos 10 dias adicionais por ano acima dos 0°C durante a última década, com uma tendência mais forte no norte e no leste.
O que o aquecimento causa
Os dias frios de inverno são considerados fundamentais para vários setores, desde os esportes de inverno à produção de água potável, que dependem da quantidade de neve, acrescenta.
— A neve, o gelo e o frio, que costumavam ser símbolos do inverno, estão desaparecendo rapidamente em muitos lugares, ameaçando ecossistemas, economias e tradições culturais", disse Kristina Dahl, diretora-científica da Climate Central.
Os autores destacam ainda as consequências para a saúde: o frio ajuda a regular as populações de insetos transmissores de doenças, como mosquitos e carrapatos. Já os invernos mais curtos favorecem a dispersão do pólen e, portanto, das alergias.
A agricultura também pode ser afetada por este fenômeno, particularmente o crescimento de frutas como a maçã ou o pêssego, que requerem períodos prolongados de baixas temperaturas, indica o estudo.