O corpo da baleia cachalote que apareceu morta na Praia do Cassino, em Rio Grande, na terça-feira (9), já está no Museu Oceanográfico da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), onde será estudado por pesquisadores. Posteriormente, a ossada será exposta ao público.
A baleia ficou encalhada pela primeira vez na segunda-feira (8), na Praia do Cassino, próximo aos molhes da barra. Ela foi recolocada em mar aberto por pesquisadores do Centro de Recuperação de Animais Marinhos (Cram) da Furg, mas voltou a encalhar na terça-feira pela manhã, já sem vida. O animal apresentava ferimentos na nadadeira da cauda, causados por materiais de redes de pesca que ficaram presos.
— Quando corta o pedúnculo caudal, a locomoção fica comprometida. A zona de propulsão fica quase totalmente destacada do corpo. O animal morreu porque perdeu muito sangue. O pedúnculo caudal é muito irrigado, e as baleias têm um sangue que demora a coagular — explica o oceanólogo e diretor do Museu Oceanográfico Lauro Barcellos.
O exemplar é um filhote de baleia cachalote que mede seis metros de comprimento e pesa quase duas toneladas. O corpo foi levado ao museu para estudos científicos.
— É um processo lento. O animal é muito grande. São quase duas toneladas. O manejo tem que ser cuidadoso. O animal é ainda jovem, os ossos estão em formação. É uma necropsia que exige muita técnica — afirma Barcellos.
O estudo sera feito com amostras retiradas do corpo. Tecidos, ossos e outros materiais serão analisados e os resultados formarão um banco de dados que ajudará a entender a espécie. A baleia cachalote é comum no Litoral Sul, mas em áreas de mar aberto. A baleia chegou à praia por estar com a locomoção comprometida devido aos ferimentos.
As cachalotes podem chegar a até 2 mil metros de profundidade no oceano e se alimentam, inclusive, de lulas gigantes que habitam as profundezas. Indivíduos adultos podem chegar a 20 metros de comprimento e ficar até duas horas submersos.
No futuro, após os estudos, a ossada da baleia será exposta no Museu Oceanográfico, junto do acervo de mamíferos marinhos. O trabalho será semelhante ao desenvolvido com o leão-marinho Ipirelo, mascote do Cram e do Museu, que viveu por 27 anos sob os cuidados dos pesquisadores. Símbolo do município de Rio Grande, Ipirelo morreu em março de 2020 e terá a ossada exposta nos próximos meses no museu. O trabalho de montagem está em processo de finalização.