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Em meio aos milhares de posts nas redes sociais de brasileiros comemorando o primeiro Oscar do país, alguns chamaram atenção na manhã desta segunda-feira (3). Internautas notaram que algumas publicações do Instagram da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pela premiação, não estavam disponíveis no Brasil.
Na foto acima, é possível ver como está — até o momento da publicação desta reportagem — o feed da Academia para brasileiros. Se compararmos a grade da tela inicial no Brasil com o que aparece para estadunidenses, são, pelo menos, seis publicações a menos.
Entre as postagens indisponíveis estão o discurso de Mikey Madison, protagonista de Anora que desbancou Fernanda Torres na categoria de melhor atriz, e imagens de Walter Salles, diretor que recebeu o Oscar de melhor filme internacional por Ainda Estou Aqui.
Chuva de comentários
Assim que a discrepância foi percebida, os brasileiros se pronunciaram — e não pararam. Dezenas de comentários em português questionando o "bloqueio" aparecem nos posts da Academia.
"Não adianta bloquear o acesso pq a gente sempre vai dar jeito...", escreveu um usuário.
"Não há democracia nem mesmo para visualização das publicações. Muito bem, Academia! Mostrando toda a falta de prestígio de vocês", completou outro perfil.
"Deviam ter vergonha de restringir/bloquear essa publicação de quem está no Brasil, só porque estão com medo do engajamento negativo", disse outro internauta.
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Alguns internautas acusaram a instituição de estar bloqueando o conteúdo por "medo do engajamento negativo", em referência ao comportamento de brasileiros em outras publicações referentes ao filme disponíveis na internet. O público do Brasil lota o perfil oficial do Oscar com comentários desde muito antes dos indicados serem revelados.
Teoria de "A Substância"
Na última madrugada, após a vitória de Mikey Madison, perfis criticaram a escolha da Academia, comparando-a com o enredo de A Substância, longa que rendeu uma indicação na mesma categoria à Demi Moore.
Em A Substância, Moore interpreta uma atriz que perde espaço em Hollywood à medida que fica mais velha. Para alguns brasileiros, a Academia estaria cometendo o mesmo etarismo retratado no filme.
"Parabéns por terem comprovado a teoria da Substância", escreveu uma usuária na publicação de melhor filme. "The Substance criticando a indústria do entretenimento e o Oscar vai lá e reforça o estereótipo, parabéns", comentou outro brasileiro na mesma publicação.
"Ver o etarismo, muito bem abordado em A Substância, ser confirmado através do Oscar de melhor atriz foi revoltante", registrou outra.