Um empresário de 52 anos, que pediu para não ter nome e cidade onde reside divulgados, era o motorista do veículo envolvido em acidente de trânsito ocorrido dia 9 deste mês na RS-240, em Portão, no Vale do Sinos. Na colisão, morreram Daniela dos Reis Corrêa, 32 anos, e o filho Heitor, três anos. O automóvel em que estavam perdeu o controle, cruzou a pista contrária e bateu em um caminhão.
Ao procurar a polícia no dia 13, o homem disse que tentou desviar e que fugiu do local por medo de ser linchado por populares que se aglomeraram no trecho.
O acidente ocorreu à noite na altura do quilômetro 11 da rodovia e parte da cena foi gravada por imagens de câmeras de monitoramento de um restaurante localizado no trecho. Após a colisão lateral entre os dois carros — trecho que não tem no vídeo, o automóvel das vítimas perdeu o controle e se chocou frontalmente com um caminhão que vinha em sentido oposto. O motorista do caminhão não se feriu.
Segundo o empresário, foi tudo muito rápido, sendo praticamente impossível evitar a primeira colisão, que acabou ocasionando o choque posterior. Essa mesma versão foi confirmada à polícia por uma testemunha que trabalha em um posto de combustíveis próximo ao local onde ocorreu o acidente.
— Ela (Daniela) ingressou na via no sentido de Portão para Bom Princípio e, rapidamente, pegou a pista da esquerda, não sei se iria ingressar no canteiro do retorno ou se iria seguir pela pista. Mas com a manobra, tentei desviar e acabei colidindo com a traseira do veículo dela, que perdeu o controle e atravessou a pista contrária, batendo de frente com um caminhão — descreveu o empresário.
Depoimento
O empresário se apresentou, na presença dos advogados Mateus Marques e Guilherme Moraes, no dia 13 deste mês na delegacia de Portão. Ele prestou depoimento por quase duas horas e informou que dirigia uma caminhonete que colidiu na lateral do Kia Sportagem onde estavam as vítimas. Além disso, colocou o veículo à disposição para perícia.
A Polícia Civil recolheu o carro para identificar com exatidão o local do choque e confirmar as causas do acidente. A investigação continua e, a partir da data do fato, o prazo de conclusão do inquérito é de 30 dias.
Defesa
O advogado Mateus Marques, que esteve no local do acidente juntamente com um perito de trânsito, alerta para uma falha na via de acesso à RS-240.
— Existe uma gravíssima falha na via de acesso de modo que, tanto o motorista que ingressa na RS-240, quanto aquele que já trafega pela via, são surpreendidos pela má sinalização e também pela forma como estão localizados os acessos para retorno, junto ao canteiro central — diz.
Sobre este trecho, GZH ouviu dois dias após o acidente moradores e autoridades de Portão sobre os problemas da rodovia. Um grupo de vereadores havia informado a ideia de realizar uma audiência com representantes da concessionária Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) e com o governo estadual para reforçar pedidos de melhorias. Entre elas, a instalação de guard-rails e controladores de velocidade na extensão da via. Também há uma mobilização para instalar dois outdoors à margem da estrada reforçando a exigência de ações das autoridades.
O que diz a EGR
A concessionária se manifestou por meio de nota na época da reportagem:
"Com relação ao acidente na ERS-240, em Portão, a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) lamenta o ocorrido e esclarece que o trecho encontra-se em boas condições de conservação, tanto quanto à manutenção asfáltica quanto ao corte da vegetação às margens da rodovia.
Da mesma forma, a EGR salienta que o local está devidamente sinalizado, com placas indicativas da velocidade máxima permitida, pintura de pista e controladores de velocidade. Os retornos e acessos também apresentam sinalização adequada. A iluminação da via, por sua vez, é de responsabilidade do município.
Por fim, a empresa pública alerta para a necessidade de respeito à sinalização do segmento, uma vez que a imprudência de usuários tem sido a principal causa de acidentes que colocam em risco a vida de motoristas e pedestres na rodovia."