Moradores e autoridades de Portão, no Vale do Sinos, afirmam que deficiências estruturais aumentam o risco de acidentes graves no trecho da rodovia RS-240 que corta a cidade e onde uma colisão provocou a morte de mãe e filho na noite de sexta-feira (9).
Um grupo de vereadores pretende solicitar audiência com representantes da concessionária Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) e do governo estadual para reforçar pedidos de melhorias como instalação de guard-rails e melhor controle da velocidade naquela extensão. Também há uma mobilização para instalar dois outdoors à margem da estrada reforçando a exigência de ações das autoridades.
Uma câmera de monitoramento do restaurante Faisão, localizado nas proximidades, flagrou o momento do choque. A Kia Sportage onde estavam a motorista Daniela dos Reis Corrêa, 32 anos, e o filho Heitor, de três anos, perdeu o controle, atravessou o canteiro até a pista contrária, no km 11, onde se chocou contra um caminhão que vinha em sentido oposto.
Conforme o vereador de Portão e conhecido da família Márcio Lacerda (PDT), um pouco além do local em que ocorreu o acidente há um acesso para retorno.
— Ocorre que, para pegar esse retorno, o motorista tem de ir para a faixa da esquerda, onde ela estava. Mas ali os carros seguem em alta velocidade, então tu não tens como reduzir muito ou, se reduz, quem vem atrás bate. Costuma ser um ponto problemático — afirma Lacerda.
A Câmara de Vereadores de Portão já havia encaminhado anteriormente solicitações de melhorias como a instalação de um guard-rail para evitar que os veículos atravessem para a pista oposta. Também pedem análise da redução da velocidade permitida (há uma lombada com limite de 60 km/h a cerca de dois quilômetros dali) e reforço na iluminação.
— Há trechos urbanos em outros municípios em que o limite fica em 40 km/h ou 50 km/h — afirma Lacerda.
O vereador revela que um grupo de parlamentares do município vai procurar novamente autoridades estaduais para tratar deste assunto, além de providenciar a instalação dos outdoors com cobranças. Funcionário do restaurante Faisão, Gilberto Vieira, 28 anos, afirma que as batidas são frequentes nas imediações.
— Pelo menos uma vez por semana tem alguma batida, ainda que com pouca gravidade. É uma reta grande, em que os carros costumam embalar, e onde temos esse retorno. Já perdemos as contas de quantos acidentes já vimos — diz Vieira.
Daniela era casada com Gilmar Massena, responsável por um dos principais centros de recuperação automotiva da região. Por conta disso, a família era bastante conhecida no município de Portão.
O carinho pelo filho Heitor era uma das principais características do casal. Quando o menino completou o primeiro aniversário, a mãe publicou em uma rede social: “Há um ano, essa data se tornou a mais linda e importante das nossas vidas. Nosso pequeno príncipe nos escolheu para nos ensinar o verdadeiro sentido da palavra amor, um sentimento sem igual”.
O que diz a EGR
A concessionária se manifestou por meio de nota:
Com relação ao acidente da última sexta-feira (9/4) na ERS-240, em Portão, a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) lamenta o ocorrido e esclarece que o trecho encontra-se em boas condições de conservação, tanto quanto à manutenção asfáltica quanto ao corte da vegetação às margens da rodovia.
Da mesma forma, a EGR salienta que o local está devidamente sinalizado, com placas indicativas da velocidade máxima permitida, pintura de pista e controladores de velocidade. Os retornos e acessos também apresentam sinalização adequada. A iluminação da via, por sua vez, é de responsabilidade do município.
Por fim, a empresa pública alerta para a necessidade de respeito à sinalização do segmento, uma vez que a imprudência de usuários tem sido a principal causa de acidentes que colocam em risco a vida de motoristas e pedestres na rodovia.