O número de motociclistas mortos em acidente de trânsito no Rio Grande do Sul no primeiro semestre caiu 10,76% se comparado ao mesmo período do ano passado. Nos seis primeiros meses de 2019, 199 condutores perderam a vida em vias — 24 a menos do que na primeira metade de 2018, segundo dados fornecidos pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RS).
O total de mortes de motociclista no primeiro semestre de 2019 é o segundo menor para o período na série histórica do Detran-RS — iniciada em 2007 —, perdendo somente para 2016, quando foram registradas 193 mortes.
Mesmo com a baixa no número de acidentes fatais, a categoria segue no topo do ranking de vítimas do trânsito, ficando atrás apenas de condutores de automóveis (carros, caminhonete, camionetas, caminhões e ônibus) (veja abaixo).
Até julho deste ano, a frota composta por motocicletas, motonetas e ciclomotores no Rio Grande do Sul contava com 1,1 milhão de unidades, o que representa 17% do total de veículos no Estado (6,8 milhões).
Presidente do Sindicato dos Motociclistas Profissionais do Estado (Sindimoto-RS), Valter Ferreira da Silva afirma que é difícil apontar apenas uma medida prática que influencia nessa redução. No entendimento de Silva, fatores como campanhas de conscientização e a mudança de comportamento de motociclistas estão entre os fatores que podem explicar o recuo no número de mortes. Conforme o dirigente, os profissionais estão adotando postura mais cautelosa diante de um cenário em que motociclistas estão entre as principais vítimas dos acidentes de trânsito.
— A mudança de comportamento, junto da técnica e da perícia sobre o veículo, é importante. Se isso ocorrer, podemos ter uma redução ainda maior.
No entendimento de Silva, as principais vítimas de acidentes fatais com motocicletas são os condutores que não utilizam os veículos profissionalmente. Segundo o presidente da entidade, treinamentos e atividades voltadas a esse grupo poderiam impactar ainda mais na diminuição do número de mortes no trânsito:
— A maioria dos que se acidentam não é profissional. São pessoas que não fazem parte da nossa categoria. A formação deles é muito ruim, porque eles aprendem dentro de um circuito fechado e depois vão para a rua.
O diretor-geral do Detran-RS, Enio Bacci, também cita a conscientização como uma das explicações para a diminuição no número de motociclistas mortos. Bacci afirma que a maior prudência dos condutores e a fiscalização ajudam a reduzir mortes:
— Esses fatores levaram o nosso motorista a progressivamente ficar mais consciente. No motociclismo, isso pegou em cheio, principalmente no trabalhador, o motoboy, que hoje está mais receoso e organizado — explicou o diretor.
Bacci entende que o número elevado de acidentes fatais envolvendo motocicletas também influencia no comportamento da categoria, que começa a adotar atitudes preventivas para evitar riscos.
Mortes de caroneiros aumentaram
Na contramão, o número de caroneiros de motos subiu de 20 para 25 no comparativo entre os primeiros seis meses de 2018 e de 2019.
Morte de pedestres
No mesmo período, 171 pedestres morreram em acidentes de trânsito — 11 a menos do que no mesmo período de 2018, segundo dados do Detran. O grupo está na terceira colocação no ranking de mortes no levantamento deste ano.
Menor número de mortes no semestre desde 2007
O número total de mortes no trânsito no Rio Grande do Sul no primeiro semestre deste ano recuou cerca de 7% comparado ao mesmo período de 2018. Em 2019, 806 pessoas perderam as vidas no período — 59 a menos do que no ano anterior. O número de óbitos nos seis primeiros meses deste ano é o menor registrado no Estado desde 2007, segundo a série histórica do Detran.
2010 segue sendo o ano mais violento no trânsito no RS, conforme o levantamento, com a marca de 1.147 mortes. No anos seguintes, os números entraram em declive.
O diretor-geral do Detran-RS teme que ocorra impacto negativo de medidas adotadas pelo governo federal, como a suspensão do uso de radares móveis em rodovias federais, na diminuição de mortes no trânsito no RS.
— Essas medidas podem impactar de maneira negativa. Agora, nós estamos fazendo a nossa parte, trabalhando com mais afinco na questão de educação no trânsito.