Cinco anos após o lançamento da campanha para estender a mão ao atravessar a rua, os efeitos da iniciativa parecem nulos em Porto Alegre. Segundo o último balanço da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), houve queda no número de multas nos últimos anos, porém, em 2014 as infrações voltaram a aumentar.
Em 2010 foram 2.614 multas por deixar de dar preferência de passagem a pedestre e a veículo não motorizado, como prevê o artigo 214 do Código de Trânsito Brasileiro. Já em 2013 esse numero caiu para 821. Porém em 2014, já são 818 multas registradas, o que já sinaliza uma mudança, podendo haver um aumento nas autuações nos últimos cinco anos.
A infração de parar o veículo sobre a faixa de pedestres também é um problema recorrendo na Capital. Foram aplicadas 413 multas em 2014.
Segundo o diretor presidente da EPTC Vanderlei Capellari, o aumento é devido a uma maior fiscalização, porém a mudança cultural do motorista é um processo lento.
As multas por desrespeito variam desde não esperar o fim da travessia do pedestre - multa de R$ 191 - até não respeitar o pedestre nas conversões - infração no valor de R$ 127. Já o pedestre deve priorizar a faixa de segurança, quando esta estiver a 50 metros do local da travessia.
Até julho deste ano, são 39 mortes de pedestres. Em 2013 foram 56.
Teste nas ruas
A reportagem fez testes em três locais de Porto Alegre nesta terça-feira (23). Na esquina da Avenida Múcio Teixeira, com a Bastian, a travessia só foi possível quando o décimo segundo carro parou. Já na Ramiro Barcelos com a Gerônimo de Ornellas, em frente ao Hospital de Clínicas, a reportagem encontrou muita dificuldade em atravessar.
O desrespeito ao pedestre aconteceu na maioria das tentativas. Na Miguel Tostes, a faixa de segurança fica em frente a um supermercado. Alguns pedestres precisaram atravessar fora da faixa, pois o veículo estava sob o local.