
Apesar de a China ainda concentrar a maior parte da produção global de iPhones, a guerra comercial entre o país asiático e os Estados Unidos tem alimentado especulações sobre uma possível diversificação da Apple em relação a seus centros de fabricação. As informações são do portal g1.
A aplicação de uma supertaxa aos produtos asiáticos deve encarecer significativamente os iPhones e outros itens importados para os consumidores norte-americanos.
Durante o "tarifaço" do governo de Donald Trump, o Brasil foi submetido a uma taxa de 10% sobre a entrada de seus produtos nos EUA, enquanto a China enfrentou uma cobrança de 125%, anunciada nesta quarta-feira (9) e vigente até o momento.
Montagem de iPhones no Brasil
No Brasil, os iPhones são montados em Jundiaí, em São Paulo, pela Foxconn, empresa taiwanesa que presta serviços de fabricação para a Apple.
A produção local teve início em 2011 e, segundo a Apple, é inteiramente voltada ao mercado nacional. Atualmente, são montados no país os modelos das linhas 14, 15 e 16 do iPhone. As versões Pro, mais avançadas, continuam sendo importadas.
Questionada sobre a possibilidade de exportar aparelhos montados no Brasil, a Apple afirmou que "não comenta especulações". Em relação a uma eventual ampliação da produção, a empresa declarou que "não existem planos no momento".
A companhia também não informou o volume de produção em Jundiaí, justificando que "não divulga números locais". A reportagem entrou em contato com a Foxconn, mas não obteve resposta. A empresa também fabrica produtos para outras marcas de tecnologia.
Índia avança, mas China segue predominante
Nos últimos anos, a Apple tem buscado reduzir sua dependência da China. Os principais destinos dos investimentos têm sido Índia e Vietnã.
Esses dois países também foram impactados pelo tarifaço de Trump, com taxas superiores às aplicadas ao Brasil, mas ainda menores do que as destinadas à China: 46% para a Índia e 26% para o Vietnã.
Nesta quarta-feira (9), no entanto, o presidente dos EUA reduziu temporariamente as tarifas para todos os países afetados, fixando-as em 10% — com exceção da China.
Segundo a emissora americana CNBC, citando dados de março da consultoria Evercore ISI, a China ainda responde por 80% da produção de iPhones e iPads, e por 55% da linha Mac. Já a Índia passou a produzir entre 10% e 15% dos iPhones, enquanto o Vietnã é responsável por cerca de 20% da fabricação de iPads e por 90% dos dispositivos vestíveis da marca, como o Apple Watch e os AirPods.
Coreia do Sul, Japão, Taiwan e os próprios Estados Unidos também são envolvidos, especialmente na fabricação de componentes.
Produzir nos EUA não reduziria os preços
A equipe de Trump afirma que o presidente deseja que os iPhones passem a ser montados nos EUA. No entanto, especialistas explicam que essa mudança seria complexa e não resolveria, necessariamente, a questão do preço final ao consumidor.
De acordo com o Bank of America, caso a produção do iPhone fosse transferida para os EUA e as tarifas anunciadas por Trump fossem mantidas, o preço do aparelho poderia subir até 90%. A elevação não se daria apenas pelos custos de importação de componentes.
"O valor do iPhone poderia subir 25% só com os custos trabalhistas dos EUA", afirmou Wamsi Mohan, analista do banco, em um comunicado a clientes divulgado nesta quarta e repercutido pela agência Bloomberg.
Em fevereiro, logo após a posse de Trump, a Apple anunciou um investimento de mais de US$ 500 bilhões (R$ 2,85 trilhões) com a meta de criar 20 mil empregos nos EUA ao longo dos quatro anos seguintes.
O objetivo, no entanto, não é transferir a linha de montagem do iPhone, e sim ampliar a capacidade das unidades de produção já existentes no país, além de construir uma nova fábrica em Houston, no Texas, voltada à fabricação de servidores que, até então, eram produzidos "fora dos Estados Unidos", conforme comunicado da própria empresa.