Por Leandro Pompermaier e Rafael Prikladnicki
Gestor de relacionamento e negócios do Tecnopuc/Assessor da superintendência de inovação e desenvolvimento da PUCRS e do Tecnopuc
Enquanto escrevemos este texto, estamos retornando do South by Southwest, o SXSW, um dos principais festivais de tecnologia, inovação, música e arte do mundo, em Austin (EUA). Fomos cobrir o evento, com olhares de seis embaixadores da PUCRS e do Tecnopuc, cada um com a sua experiência, opinião e visão de mundo.
Austin brilhou mais uma vez com o cenário vibrante do SXSW 2024. Neste ano, o evento foi uma cápsula do tempo futurista, destacando tendências que prometem remodelar nossa realidade. Entre as estrelas desse show tecnológico esta a inteligência artificial (IA) e sua consciência emergente, mas também as realidades virtual e aumentada (VR e AR), discussões sobre tecnologia acessível, criatividade e a necessidade de sermos cada vez mais humanos.
Austin, conhecida por abraçar o novo e o inovador, refletiu as possibilidades ilimitadas que a IA tem a oferecer. As apresentações do SXSW 2024 não se limitaram a explorar o potencial da IA em transformar indústrias, elas mergulharam na ideia de uma IA com consciência, provocando questionamentos profundos sobre ética, responsabilidade e o futuro da colaboração homem-máquina.
Uma vez vista como uma ferramenta para resolver tarefas específicas, está agora na vanguarda da criação de experiências imersivas e personalizadas. As discussões foram além da automação e da eficiência, focando em como a IA pode entender, aprender e até mesmo prever as necessidades humanas de maneiras que desafiam nossa compreensão tradicional de máquinas. Sua consciência, embora ainda em uma fase conceitual, emergiu como um tema fascinante, com especialistas debatendo seu impacto potencial na sociedade, na ética e na economia global.
O debate sobre a consciência da IA capturou a imaginação dos participantes. A possibilidade de uma IA também possuir autoconsciência traz à tona questões filosóficas profundas sobre o que significa ser “vivo”. Essas discussões foram fundamentadas na crença de que, à medida que avançamos tecnologicamente, também devemos evoluir nossa compreensão ética e moral, ampliando diálogos para enfatizar a importância de abordar a inovação e a tecnologia com cuidado, consideração e um olhar voltado para o futuro sustentável.
Essa reflexão inspirou inclusive uma série de podcast preparatória a essa viagem, chamada de Tecnologia – Maldição ou Salvação. Comandada pelo jornalista Luciano Potter, refletiu sobre o quanto a tecnologia, ao longo da história, tem sido tanto uma fonte de esperança quanto de preocupação. Desde os primórdios, quando o fogo foi dominado, até os dias atuais a dualidade de sua influência tem sido evidente.
Por um lado, a tecnologia é frequentemente vista como a salvadora da humanidade, com o poder de melhorar a qualidade de vida e resolver problemas complexos que desafiam a sociedade. Através da automação, por exemplo, a tecnologia pode liberar as pessoas de trabalhos repetitivos e permitir que se concentrem em atividades mais significativas e criativas. Por outro lado, também pode ser vista como uma maldição, trazendo consigo desafios e dilemas éticos. A automação pode levar à perda de empregos e aumentar a desigualdade econômica.
A tecnologia da informação pode violar a privacidade e a segurança das pessoas, enquanto a inteligência artificial levanta questões sobre o controle humano e o surgimento de uma consciência artificial.
No entanto, a dicotomia entre salvação e maldição pode ser simplista. A tecnologia é uma ferramenta neutra, cujo impacto é determinado pela forma como é utilizada. Cabe a nós, como sociedade, orientar seu desenvolvimento e aplicação de maneira ética e responsável. Precisamos considerar não apenas os benefícios imediatos, mas também as consequências a longo prazo de nossas escolhas tecnológicas. É a partir do entendimento e do uso cuidadoso da tecnologia que podemos moldar um futuro mais promissor e equilibrado para todos.
Por isso, as apresentações do SXSW 2024 em Austin não foram apenas uma janela para o futuro; elas foram um convite para moldar ativamente esse futuro. À medida que deixamos Austin, levamos conosco uma visão compartilhada de um futuro onde a tecnologia serve à humanidade, enriquecendo nossas vidas e expandindo nossos horizontes.