Correção: as médicas não são investigadas pela Polícia Civil conforme publicado entre às 18h54min de 14 de abril e 15h02min de 16 de abril. O texto foi corrigido.
Três médicas que atuam no Hospital Centenário, em São Leopoldo, no Vale do Sinos, foram afastadas das funções após a morte de uma recém-nascida. O caso aconteceu na última quarta-feira (9), e a Polícia Civil apura se houve negligência no caso. A mãe da bebê segue internada na instituição.
De acordo com o relato do pai da criança, a esposa, de 35 anos, deu entrada no hospital relatando dores na tarde de segunda-feira (7). A gravidez era considerada de risco devido à diabetes gestacional.
A equipe de obstetrícia decidiu induzir o parto na manhã do dia seguinte. Ainda segundo o relato, a criança pesava 5,3 quilos, e o parto normal não ocorreu da maneira esperada. Ele relata que a esposa "fez força por muito tempo, estava fraca", e que pediram pela cesárea, o que foi negado pelos médicos.
— Depois de muito tempo, saiu parte da cabeça da bebê e trancou, não conseguiram mais tirar. Foi nesse momento que começou o terror. Uma obstetra pulou em cima da minha esposa para tentar tirar a nenê, enquanto outra médica puxava. Depois, tentaram empurrar a minha filha de volta e não conseguiram. Aí que decidiram fazer a cesárea — contou o homem de 34 anos.
Após a cirurgia, a recém-nascida foi encaminhada ao Hospital Conceição, em Porto Alegre. Já a mulher teve de passar por uma cirurgia para retirada do útero e foi encaminhada à Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Centenário. Ela segue hospitalizada.
Ainda conforme o pai, foi no Conceição que ele teve noção da gravidade do quadro da sua filha. A menina morreu por volta das 16h de quarta-feira (9). A criança foi sepultada em Novo Hamburgo.
— Ela ficou 10 minutos sem oxigênio, teve a clavícula quebrada, e os nervos dos braços estavam arrebentados. Machucaram muito a cabeça dela. Tinha arranhões nos braços e no pescoço — relatou o pai da criança.
Procurado pela reportagem, o Hospital Conceição informou que a bebê nasceu em parada cardíaca e foi encaminhada à UTI Neonatal do Hospital da Criança Conceição em estado gravíssimo. No entanto, apesar dos esforços da equipe, houve uma piora no estado da menina, que morreu em menos de 24 horas depois da entrada no hospital.
Médicas são afastadas
De acordo com o Hospital Centenário, as obstetras são terceirizadas e foram contratadas por uma empresa para prestar serviço de saúde. A instituição abriu uma sindicância interna e afastou as médicas. Elas não tiveram os nomes divulgados.
A Polícia Civil apura se houve negligência no caso. Segundo o delegado do caso, André Serrão, o hospital foi acionado para fornecimento das informações. As médicas devem prestar depoimento nesta semana.
— Ainda aguardamos o envio do relatório de obstetrícia, documento que detalha as intercorrências do parto. Com isso, vamos poder entender o que aconteceu no momento do nascimento. O caso ainda não é tratado como homicídio culposo para podermos analisar todas as possibilidades — explicou o delegado.
Conforme o Hospital Centenário, todas as informações solicitadas estão sendo fornecidas para as autoridades responsáveis. O caso é acompanhado pela direção técnica, direção médica e comissão de ética da instituição.
Zero Hora não conseguiu contato com as defesas das médicas envolvidas no caso. O espaço está aberto para manifestação.
O Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) disse que ainda não foi oficialmente notificado.